Revista Rua


Futebol no Brasil: sentidos e formas de torcer

Simone Hashigutti

 

(26)
 
(27) Deus Cria! Torcida Jovem MATA!
 
(28)HINO DAS BANDEIRAS
      
Se você não é rubro-negro
       Trate logo de correr
       Porque ela vem com seus guerreiros
       Ela vem pra te fuder
        Rubro-negro é assim mesmo
        Dá porrada em qualquer um
       (Mais que beleza) Que beleza,
       O Rubro-Negro não tem medo de morrer
(...)[22]
           
As figuras em (26) ilustram um pouco do universo das materialidades escolhidas pelas torcidas para se representarem. Os símbolos ou mascotes dos times e torcidas, como o gavião, do Corinthians, a Mancha, do Palmeiras e o santo São Paulo, por exemplo, são desenhados em formatos que os humanizam, dando-lhes músculos grandes, feições destemidas, em posicionamentos corporais que lembram a prontidão e o preparo para uma briga. Essas formas, tanto quanto as formas das escritas de algumas faixas, e as tatuagens que vários torcedores fazem desses símbolos em seus corpos, retomam as formas de linguagem urbana e a relação estreita entre a discursividade da torcida organizada e a da cidade. Nesta, há pixações, grafites, desenhos, corpos tatuados, que são, como apontou Orlandi (2004), “manifestações significantes” que marcam o desejo e a tentativa de visibilidade do sujeito urbano. Também no futebol, essas manifestações se apresentam, significam, particularizam uma forma de prática discursiva dentro de um determinado espaço.


[22] As figuras em (26) foram extraídas das respectivas comunidades no www.orkut.com, o enunciado em (27) foi extraído da comunidade de torcedores da Ponte Preta no mesmo site e o hino dos torcedores do Flamengo em (28) do www.racarubronegra.com.br/torcida.