Revista Rua


A coevolução do "roubo de identidade" e dos sistemas de pagamento
The coevolution of "identity theft" and payment systems

Benoit Dupont

foram, antes de tudo, guiadas pela vontade fluida das trocas econômicas, cada uma delas se viu confrontada com os riscos criminais específicos que suscitaram reações e adaptações em matéria de segurança.
 
a.      O desenvolvimento dos cartões de pagamento
 
A idéia do cartão de crédito é geralmente atribuída a Frank McNamara um homem de negócios, que a teria tido em 1950 após uma refeição abundantemente regada com os clientes em um restaurante nova-iorquino da moda. Quando a conta lhe fora apresentada, ele fora humilhado ao constatar que ele não dispunha suficientemente de dinheiro em espécie e deveria pedir a sua esposa (que não estava acostumada a essas libações) de lhe emprestar com urgência a quantia restante. A fim de evitar que esta deplorável situação se reproduzisse, e pressentindo uma ocasião de negócios inexplorada, ele fundara no mesmo ano o Diners Club, cujo objetivo era de permitir aos membros de organizar suas faturas de restaurantes em um único pagamento mensal (Chutkow, 2001: 59). Todavia, o autor americano Edward Bellamy publicou em 1888 um romance prevendo se desenvolver no ano 2000 em uma sociedade igualitária onde o dinheiro tinha desaparecido e teria sido substituído por cartões de crédito que permitiram responder a todas as necessidades materiais da população (Drury e Ferrier, 1984: 4). Desde o início do século XX, as cadeias de estação-serviço e numerosos magazines americanos e canadenses oferecem a seus melhores clientes cartões privativos metálicos ou plastificados que procuram facilitar o pagamento (Biegelman, 2009: 16; Banque du Canada, 2008: 90). No entanto, é o surgimento da sociedade do consumo e do turismo em massa o período de euforia econômica que sucedeu a Segunda Guerra Mundial, que permitiu o verdadeiro progresso do cartão de crédito como meio de pagamento universal. A partir do Diners Club, American Express lança um cartão em 1958 (Grossman, 1987: 23), seguido no mesmo ano pelo Bank Americard que tomou o nome de Visa em 1976 (Chutkow, 2001). No Canadá, o cartão Bank Americard fora introduzido sob licença em 1968 por uma cooperativa-competitiva de quatro grandes bancos (CIBC, Banque Royale, Toronto Domination e Banque Nationale) sob o nome de Chargex (Chutkow, 2001). Os bancos franceses tinham, por sua parte, começado a oferecer os cartões de crédito a seus clientes em 1967 sob o nome de Carte Bleue (Chabrier, 1968).
Se os cartões de crédito encontraram no seio da população um sucesso imediato, sua viabilidade financeira será inicialmente problemática para os bancos emissores que