Tanto o mar, como a floresta, servem para naturalizar uma ação que foi, essencialmente, pensada antes[3]. A ideia da separação das coisas, de colocá-las como antepostos é uma forma narrativa encontrada nas mais diversas obras da cultura, seja na literatura ou no cinema, de mostrar o quanto elas são interdependentes. Quando percorremos espaço do filme
A Vila, vemos a contaminação entre esses três locais por ele referenciados: o pequeno vilarejo, a floresta e a cidade. Existe uma espécie de mistura que o filme nos aponta. A separação apenas como oposição, Bachelard chamou de “horrível exterior-interior”. No entanto, o que observamos é a existência da ideia bachelardiana de “intimidade”. Para ele “O exterior e o interior são ambos
íntimos; estão sempre prontos a inverter-se, a trocar sua hostilidade. Se há uma superfície-limite entre tal interior e tal exterior, essa superfície é dolorosa dos dois lados”
(BACHELARD, 2005, p. 221).