Revista Rua


Separação e mistura: alusões utópicas e imaginação espacial no filme A Vila
Separation and mixing: utopians allusions and spatial imagination the movie The Village

Antônio Carlos Queiroz Filho

de um interior, de um dentro e um fora. Tal qual no filme, é a “natureza” que se interpõe como separação.
Descrição: PDVD_009

IMAGINAÇÃO ESPACIAL: A UTOPIA COMO MISTURA
 
Tanto o mar, como a floresta, servem para naturalizar uma ação que foi, essencialmente, pensada antes[3]. A ideia da separação das coisas, de colocá-las como antepostos é uma forma narrativa encontrada nas mais diversas obras da cultura, seja na literatura ou no cinema, de mostrar o quanto elas são interdependentes. Quando percorremos espaço do filme A Vila, vemos a contaminação entre esses três locais por ele referenciados: o pequeno vilarejo, a floresta e a cidade. Existe uma espécie de mistura que o filme nos aponta. A separação apenas como oposição, Bachelard chamou de “horrível exterior-interior”. No entanto, o que observamos é a existência da ideia bachelardiana de “intimidade”. Para ele “O exterior e o interior são ambos íntimos; estão sempre prontos a inverter-se, a trocar sua hostilidade. Se há uma superfície-limite entre tal interior e tal exterior, essa superfície é dolorosa dos dois lados” (BACHELARD, 2005, p. 221).


[3] O que me fez lembrar Jean-Jacques Rousseau [1712 – 1778], Do Contrato Social, quando disse: “Mas a ordem social é um direito sagrado que serve de alicerce a todos os outros”. Esse direito, todavia, não vem da Natureza; está, pois, fundamentado sobre convenções. (p. 10)