Revista Rua


Separação e mistura: alusões utópicas e imaginação espacial no filme A Vila
Separation and mixing: utopians allusions and spatial imagination the movie The Village

Antônio Carlos Queiroz Filho

Cada um desses elementos citados por Oliveira Jr. está no filme, mas também fora dele e assim as alusões vão sendo constituídas. É importante dizer que esse processo de transformação não ocorre “naturalmente”, não é algo dado. Ao entrarmos em contato com as imagens de um filme, realizamos aquilo que Munsterberb (In: XAVIER, 1983) denominou de “jogo de associações”. Para ele, “as sugestões, assim como as reminiscências e as fantasias, são controladas pelo jogo de associações” (p. 43), que são, na verdade, manifestações da cultura quando esta toma o mundo via imagem e som, através da linguagem do cinema.
A partir das imagens primeiras – as do filme ora referido – vamos seguindo seus vestígios, marcas, traços, pistas. Vamos, por assim dizer, tecendo a geografia do filme resultado das sugestões, alusões de realidade que suas imagens nos propõem. Olhemos algumas dessas imagens que nos situam a vila no tempo:


Descrição: PDVD_009

As imagens anteriores nos indicam que o pequeno vilarejo – onde reside a maior parte da trama do filme – remonta para uma época do passado. No entanto, será revelado a nós – espectadores – em momento posterior, como sendo contemporânea à nossa. O pequeno vilarejo é um lugar idealizado por excelência, lugar previsto, pensado a partir de infindáveis números de “pres-” para que se fizesse ali um modo de vida diferente. Como lugar de refúgio teve, na escolha de seu isolamento, condição de negação de um mundo que se queria deixar para trás. No entanto, essa idéia de “auto-reclusão” só aparece na segunda metade do filme. O isolamento, até então, não é