Revista Rua


Separação e mistura: alusões utópicas e imaginação espacial no filme A Vila
Separation and mixing: utopians allusions and spatial imagination the movie The Village

Antônio Carlos Queiroz Filho

Descrição: PDVD_009
Para aqueles que estão de fora, na Cidade, também é proibido entrar na floresta, porém, o discurso que sustenta essa concepção é outro. Ela deve ser protegida e em algumas circunstâncias – associada à ideia de pureza – deve ser preservada sem a presença humana, intocada. Ela, floresta, vista pelos que estão de fora da vila – alusão à sociedade moderna – é fragilidade que se liga ao risco ambiental devido à maneira como esses ambientes vêm sendo utilizados, é riqueza natural, é divindade, é paraíso, como uma espécie de santuário. Como tal, lança-se mão do barreiramento físico: muros, cercas, postos de vigilância e até mesmo, proteção policial, para dar materialidade física a essa concepção, a exemplo do que vemos hoje nos condomínios fechados ou como acontece algumas vezes com as chamadas “áreas verdes” que ganham o título de reserva florestal.
O que de fato está sendo resguardado aí nessa separação/isolamento? Certamente não é apenas o “verde” (vegetação, biodiversidade, natureza). Essa é uma imagem que está no filme e que mantém um contato muito próximo da vertente do discurso ambiental moderno (que defende a ideia da natureza intocada). Nele – filme – a floresta é hostil e é sagrada ao mesmo tempo. Ela é a “não-civilidade”, mas também é a própria configuração da civilização, na forma de reserva ambiental.
O que os criadores da vila – os Anciões – fazem para não deixar que pessoas de fora entrem é justamente se apoiar nessa concepção de natureza em que se legitima a existência de grandes áreas de isolamento, sejam elas privadas ou públicas, espaços de reserva, intocados. Tidos pelo discurso ambiental moderno como ambientes legítimos de preservação, acrescidos da ideia de que a natureza é o lugar “onde o próprio homem