Revista Rua


Linguagem, tecnologia, conhecimento e suas relações no contexto de formação continuada de professores
(Language, Technology, Knowledge and their Relations at Teachers Continuing Education)

Fernanda Freire

das leituras sugeridas, das discussões coletivas, da leitura dos trabalhos dos colegas, dos comentários que seus trabalhos recebem de todos.
Essas diferentes vivências demandam diferentes papéis discursivos − leitor de si mesmo, leitor do outro, escrevente, comentador, debatedor etc. –, o que ajuda o professor em formação a conceber a leitura e a escrita para além de uma visão normativa e ortográfica de língua, um dos objetivos comuns aos cursos do CEFIEL (Freire et al., 2007).
            Os professores de escola pública não são, em sua maioria, o que se pode chamar de internautas. Ao contrário, muitos deles podem ser ainda considerados tímidos usuários de tecnologias de informação e comunicação. No entanto, como todos nós, também esse grupo (ou comunidade discursiva, tal como define Maingueneau, 1998; Charadeau & Maingueneau, 2006[8]) é heterogêneo, inclusive em relação ao modo como seus integrantes usam essas tecnologias.
É a partir do uso que esse grupo particular faz da tecnologia – no contexto de formação continuada – que passo, então, a discutir as relações entre linguagem, tecnologia e conhecimento.
 
COMO AS NOVAS TECNOLOGIAS AFETAM A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO?
 
Para ilustrar o modo como isso ocorre neste contexto particular escolho a ferramenta Portfólio do ambiente TelEduc.


[8] Para Charadeau e Maingueneau o conceito de comunidade discursiva é solidário ao de formação discursiva. A hipótese é que não basta opor as formações discursivas em termos puramente textuais porque de um discurso a outro há mudanças na estrutura e no funcionamento dos grupos que produzem esses discursos. Os modos de organização dos homens e de seus discursos são, pois, indissociáveis; as doutrinas são inseparáveis das instituições que as fazem emergir e que as mantêm (Charadeau & Maingueneau, 2006: 108).