Revista Rua


Linguagem, tecnologia, conhecimento e suas relações no contexto de formação continuada de professores
(Language, Technology, Knowledge and their Relations at Teachers Continuing Education)

Fernanda Freire

COMO AS NOVAS TECNOLOGIAS DÃO CORPO AO CONHECIMENTO?
 
Para responder a essa questão vou me ater ao modo como usuários novatos vão gradativamente adquirindo – e compreendendo – novas palavras/expressões que permitem a eles, de fato, interagir com o ambiente.
Veja-se o depoimento no Diário de Bordo de uma aluna do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL/Unicamp) que participou de um curso semipresencial de formação de monitores do CEFIEL, ocasião em que vivenciam situações no papel de aluno e de formador[15]:
 
“Desde o dia em que iniciei o curso até agora me deparei com as sensações mais estranhas. No encontro presencial, a primeira sensação foi a de me maravilhar com tudo o que via e ouvia. Depois fiquei meio desesperada porque eu tinha que fazer um montão de coisas e o que eu tinha na cabeça não se materializava, eu não sabia que botão apertar ou em que lugar entrar no computador. Depois percebi que não adianta falar que você precisa de tantas horas para fazer as atividades durante a semana. E por quê? Porque, por exemplo, tem passos que eu sigo no computador e não dá certo.”
 
 
A leitura que um usuário novato – pouco familiarizado com a tecnologia, como ocorre com a maior parte dos professores em formação dos cursos do CEFIEL – faz da interface do TelEduc (o que inclui o nome das ferramentas) pode ser vista como uma aproximação gradual[16] de suas funções e recursos. O usuário decifra – em busca de pistas e relações de sentido – a interface do programa, representada por suas telas com cores, botões, links e nomes, conforme mostra a Figura 8:


[15] Trata-se do III Curso de Formação de Monitores do CEFIEL oferecido no período de 09/03/2009 a 24/04/2009, sob minha coordenação.
[16] Dascal, em um de seus textos, diz que “a compreensão de uma enunciação ou de um texto” – ao que eu acrescentaria, de um programa computacional, de um site etc. – “envolve sempre uma pluralidade de habilidades, níveis e sistemas diferentes de conhecimento, tanto lingüístico quanto não lingüístico. (...) Em vista dessa multiplicidade inerente ao processo de compreensão, é preciso encará-lo como sendo não tanto uma questão de sim/não, de tudo/nada, e mais como um processo de aproximação gradual.” (DASCAL, s/d: 1).