Revista Rua


Linguagem, tecnologia, conhecimento e suas relações no contexto de formação continuada de professores
(Language, Technology, Knowledge and their Relations at Teachers Continuing Education)

Fernanda Freire

(1929/99). As relações, portanto, entre conhecimento, tecnologia e linguagem são datadas historicamente e muito do que se pensa e se diz hoje – tendo as ferramentas de comunicação mediada por computador (ou CMC) como da ordem do “novo” – provavelmente já foi dito em relação ao cinema, ao rádio e à TV com base nas práticas sociais de cada época.
Tomo, como ponto de partida para a minha reflexão, o curso do Centro de Formação Continuada de Professores do Instituto de Estudos da Linguagem (CEFIEL)[4], intitulado “A relação normal/patológico no ensino: cérebro e linguagem”[5]. Nesse curso abordamos questões sobre o funcionamento da linguagem e do cérebro e discutimos o modo como ambos atuam na produção/interpretação da escrita. O curso propõe uma análise crítica do que tradicionalmente se toma como funcionamento cerebral padrão para avaliar o que é patológico, discutindo procedimentos clínicos que excluem tanto o trabalho linguístico-cognitivo do falante/escrevente quanto a diversidade que caracteriza o exercício da linguagem nas várias práticas sociais dentro e fora da escola.
Esse curso – e mais outros 14, em diferentes áreas temáticas – se pauta em uma metodologia especialmente elaborada para cursos semipresenciais (mais a distância do que presencial; das 100h apenas 24 são presenciais) continuamente renovada pelas avaliações particular (de cada curso) e geral (de todos os cursos) a cada oferecimento[6]. Trata-se de uma metodologia fortemente focada na interação e, portanto, no uso das ferramentas de comunicação do TelEduc[7], ambiente de ensino-aprendizagem desenvolvido pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED) em parceria com o Instituto de Computação (IC), ambos da Unicamp, e adotado pelo CEFIEL.
Os cursos do CEFIEL têm em comum uma certa concepção de formação de professores que se afasta de uma formação compensatória para se propor como espaço de reflexão prático-teórica. A inversão da expressão é proposital: partimos de atividades práticas para dar vida aos conceitos desenvolvidos ao longo dos cursos. O professor em formação, ao fazer a atividade, articula vários saberes – o que já conhece do assunto, como trabalha com aquele tópico em sala de aula, suas crenças, seus valores, sua história pessoal e profissional – e o que está aprendendo durante o curso, seja por meio


[5] Esse curso é coordenado pela Profa. Maria Irma Hadler Coudry e por mim.
[6] Desde 2005 temos oferecido esses cursos para professores de escolas públicas de secretarias de educação de IDEB (Índices de Desenvolvimento da Educação Básica) baixo, uma iniciativa da Rede Nacional de Formação Continuada do Ministério da Educação (http://portal.mec.gov.br/ ).