Revista Rua


Linguagem, tecnologia, conhecimento e suas relações no contexto de formação continuada de professores
(Language, Technology, Knowledge and their Relations at Teachers Continuing Education)

Fernanda Freire

INTRODUÇÃO
 
As tecnologias de informação e comunicação têm transformado a vida das pessoas nos centros urbanos: celular, câmera digital, Ipod, vídeo game, tablet e palm. Por meio da digitalização, a computação (a informática e suas aplicações), as comunicações (transmissão e recepção de dados, voz, imagens etc.) e os conteúdos (livros, filmes, pinturas, fotografias, música etc.) convergem: o computador vira um aparelho de TV, a foto sai do álbum para um cd-rom e pelo telefone se conecta na Internet (TAKAHASHI, 2000), uma subversão do conceito de suporte textual (MARCUSCHI, 2003) tal como o conhecemos.
As pessoas participam, direta ou indiretamente, da “digitalização” das práticas sociais: ao consultar um leitor de preços no supermercado, ao pagar uma compra com cartão de crédito, ao enviar um torpedo, ao votar, ao receber uma conta com código de barras. O denominado letramento digital tem sido considerado uma necessidade e o desconhecimento completo dos usos e das funções do computador é sinônimo de exclusão (BRAGA e RICARTE, 2005).
Novos espaços de leitura e de escrita surgem na Internet – hipertextos, e-mails, blogs, sessões de bate-papos, fóruns de discussão, wikis – dando origem aos chamados “gêneros textuais emergentes” (MARCUSCHI, 2004) ou “gêneros eletrônicos” (PAIVA, 2004).
O objetivo desse artigo é o de discutir as relações entre linguagem e conhecimento a partir do papel da tecnologia na sociedade, em especial, em contextos de formação a distância. Três questões orientam o desenvolvimento do texto: (i) como as novas tecnologias[2] afetam a construção do conhecimento, (ii) como o conhecimento constrói novas tecnologias e (iii) como as novas tecnologias dão corpo ao conhecimento.
Tais questões são fortemente vinculadas porque entendo que são as práticas sociais[3] que demandam o desenvolvimento de novas tecnologias (inclusive as da linguagem) gerando novos conhecimentos e novos modos de dizer/de elaborar, criando, por sua vez, novas práticas sociais, numa verdadeira cadeia sem fim, como diria Bakhtin


[2] Vou me ater às ferramentas de comunicação mediadas por computador síncronas e assíncronas, conhecidas também como CMC, que fazem parte do ambiente de ensino-aprendizagem a distância TelEduc: correio, bate-papo, fóruns, mural etc.
[3] As práticas sociais letradas, segundo Corrêa (2001), podem ser de enunciação oral e de enunciação escrita, havendo circulação entre elas.