Revista Rua


Sujeitos e sentidos no espaço urbano: o escrito "dá o ar da sua graça"
(Subject and meanings in urban space: writing shows up)

Aline Torrizella Périgo, Juliano Ricci Jacopini, Noemi Lemes, Soraya Maria Romano Pacífico, Lucília Maria Sousa Romão

um sorvete da rede McDonald’s que está espalhada em diversos pontos da cidade em outdoors, em cartazes e faixas. Procuramos especular como os vestígios daquilo que é chamado de interpretação, na escola, sustenta a construção dos sentidos do sujeito urbano, em meio a tantos escritos que circulam na cidade e reclamam interpretação, e de que maneira isso pode (inter)ferir na constituição do sujeito urbano.
Para o corpus de análise desse artigo, fizemos um recorte selecionando dois pontos da cidade em que encontramos a referida propaganda, a saber: a rodoviária de Ribeirão Preto e um shopping-center da mesma cidade. Pretendemos investigar como se dá a complexa relação do sujeito com a escrita no espaço urbano e como essa relação pode afetar a constituição dos sujeitos e dos sentidos, considerando que as cidades são totalmente perpassadas pela escrita, por portadores de textos que não são os mesmos em cada ponto da cidade, isto é, por letras, formulações, suportes, luminosos que mudam conforme os bairros visto que os dizeres urbanos não são distribuídos de maneira homogênea para todos os sujeitos. Logo, julgamos pertinente analisar como os sujeitos inscritos em diferentes pontos do espaço urbano (uma rodoviária e um shopping) constituem suas vozes e de que modo interpretam a propaganda em questão, pois trabalhamos com a perspectiva de que os movimentos de interpretação estão relacionados à inclusão ou exclusão dos sujeitos no espaço urbano. Para marcar a importância, no decorrer deste artigo, de um olhar que não separe sujeito e espaço urbano, vejamos o que diz  Orlandi (2004: 11):
 
No território urbano, o corpo dos sujeitos e o corpo da cidade formam um, estando o corpo do sujeito atado ao corpo da cidade, de tal modo que o destino de um não se separa do destino do outro. Em suas inúmeras e variadas dimensões: material, cultural, econômica, histórica etc. O corpo social e o corpo urbano formam um só.
 
O conceito de sujeito, segundo a Análise do Discurso (AD), não se refere ao sujeito gramatical, tampouco ao sujeito empírico. Para a AD, “os indivíduos são interpelados em sujeitos-falantes (em sujeitos de seu discurso) pelas formações discursivas que representam ‘na linguagem’ as formações ideológicas que lhes são correspondentes” (PÊCHEUX, 1995: 161). Assim, sujeito é uma posição discursiva que pode variar de acordo com a relação estabelecida pelos interlocutores, no funcionamento discursivo; posição esta que implica constante movimento, visto que o dizer não é homogêneo tampouco enrijecido por um sentido único e a possibilidade de