Revista Rua


Sujeitos e sentidos no espaço urbano: o escrito "dá o ar da sua graça"
(Subject and meanings in urban space: writing shows up)

Aline Torrizella Périgo, Juliano Ricci Jacopini, Noemi Lemes, Soraya Maria Romano Pacífico, Lucília Maria Sousa Romão

A cidade era um vão da tua mão
Chico Buarque
 
 
Avistar uma placa indicando a entrada de uma cidade, olhar a paisagem e reconhecê-la, sentir-se em casa em uma determinada localidade: essas são sensações comuns a quem, tendo estado fora de sua cidade por qualquer motivo, vê-se novamente chegando à mesma, retornando aos sentidos do urbano que lhe são naturalizados. Mas, e quando, mesmo estando na cidade onde sempre moraram, os sujeitos sentem-se estrangeiros nesse lugar? E quando esses sujeitos não se sentem parte dess(u)a cidade? Embora essas duas últimas questões possam parecer muito atadas ao campo da Psicologia, elas se tornam muito pertinentes também do ponto de vista da linguagem e mais especificamente do discurso, que é aqui nosso objeto de estudo. Pensamos a cidade como o faz Orlandi (2001), sob uma perspectiva discursiva, em que a mesma não se constitui somente como um espaço físico-geográfico, mas como um espaço urbano simbolizado carregado de significações que demandam gestos de interpretação dos sujeitos. O sujeito, ainda sob essa perspectiva que propõe a autora (2001: 187), “é parte do acontecimento do significante” e, além de ter a cidade fazendo sentido em si, ele também “significa (se significa) na cidade”, tecendo uma rede de trajetos de sentidos muito próprios e em constante movimento.
Com base nessas considerações iniciais e nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de ‘matriz’ francesa, este artigo pretende analisar como determinados sujeitos, inseridos no espaço urbano de Ribeirão Preto-SP, interpretam a propaganda de