Revista Rua


A contradição no consenso social do discurso ecológico da campanha publicitária da linha Ekos da Natura
The contradiction of the social consensus about the ecological discourse of "Natura Ekos Line" advertising campaign

Maria Eunice de Godoy Machado Teixeira

Descrição: PDVD_009
 
A imagem das usuárias na propaganda, inserida nos enunciados acima, traduzem o sentido de cuidado com o corpo da cliente. ‘Banho’ e ‘pele’ se reportam ao sentido de CORPO.
 
A partir da idéia de Corpo, vejamos aonde pode chegar o sentido dos enunciados abaixo:

Descrição: PDVD_009
 
A imagem das usuárias na propaganda, inserida nos enunciados acima, traduzem o sentido de cuidado com o corpo da cliente. ‘Banho’ e ‘pele’ se reportam ao sentido de CORPO.
 
De banho e pele, o sentido desliza para corpo e depois chega a VOCÊ, ou seja, à pessoa. A consumidora é significada aqui pelo corpo que possui. Ele é o sinal da sua existência, a sua visibilidade no mundo como gente, ser humano, pessoa. O fruto do trabalho do lavrador se destina ao cuidado da usuária/consumidora, que é identificada por um corpo que necessita de tratamentos especiais. As clientes da Natura são apresentadas, então, na extensão de seus corpos, já que ‘banho’ e ‘pele’ querem dizer corpo e corpo remete à pessoa toda. Se se cuida do banho e da pele, está-se falando do cuidado da higiene, do bem-estar e da aparência do corpo de alguém. Quando se fala em cuidar da saúde ou da beleza do corpo, não se está falando de partes isoladas de um organismo vivo anônimo. Pelo contrário, está-se falando de alguém e, na propaganda, esse alguém ainda tem nome e identidade.
Vejamos, agora, o Grupo 2.
 
Deixa eu cuidar da sua terra.
Deixa eu cuidar do seu rio.
Deixa eu cuidar da sua floresta.
 
Diferentemente do que foi feito no Grupo 1, não é possível substituir ‘terra’, ‘rio’ e ‘floresta’ por qualquer palavra que diga respeito à própria pessoa do lavrador.