para colocar em prática o uso sustentável de ativos da biodiversidade brasileira. Os ativos (ingredientes usados nos produtos), mostrados na propaganda, foram o maracujá, a castanha e a pitanga.
A Análise de Discurso não busca compreender o conteúdo, a mensagem, de um texto, acreditando ser possível encontrar um sentido verdadeiro, mas interpretar como se dá a produção do sentido, ou seja, como ele foi construído de forma a ser significado de uma dada maneira. O texto é a unidade de análise neste campo de conhecimento, mas o objeto de estudo é o discurso, compreendido como “efeito de sentidos” entre locutores (GADET e HAK, 1990, p. 82). O efeito de sentidos (discurso) é o resultado das forças da determinação histórica no processo de significação, levando-se em conta os sujeitos, as condições de produção, o interdiscurso. Isso resulta do entendimento de que o real é sempre mediado pela língua, não considerada como entidade abstrata, sistema fechado, mas sim, na sua forma-material, ou seja, linguístico-histórica, e o discurso é onde se dá o contato da língua com a ideologia. Por isso mesmo o que se faz na Análise de Discurso não é uma análise lingüística, apesar de se partir da língua, considerada a base material dos processos discursivos, mas ela vai além da análise fono-morfo-sintática e até mesmo da análise semântica formal. Desta forma, o texto deverá trazer marcas da relação língua e história e “deve ser então considerado como o lugar material em que essa relação produz efeitos” (Orlandi, 2001, p. 87).
O texto organiza (individualiza) a significação em um espaço material concreto. A organização do texto enquanto unidade é reflexo indireto da ordem do discurso, não sendo possível se passar diretamente de um para outro. É só a teoria que permite, a partir de indícios sobre a ordem do discurso, detectar a configuração da organização das unidades do texto que são significativas em relação a essa ordem. Trata-se da relação do real do discurso com seu imaginário e que a textualidade representa. (Ibid, p. 66)
Então, se discurso é a inscrição da língua na história, produzindo sentidos, analisar um texto é trazer à tona os gestos de interpretação que textualizam uma determinada ordem discursiva, ou seja, esta análise interpretativa irá expor as marcas da discursividade, dito de outra forma, a maneira como os sentidos trabalham na textualização. Mas é importante dizer que um texto nunca é a completa representação do discurso, já que este não é um conjunto fechado de enunciados. A unidade do texto, com começo, meio e fim, é imaginária, pois o texto, na verdade, dialoga com outros textos existentes e possíveis e com a memória do dizer, a memória discursiva, “aquilo