Revista Rua


Proposta de revisão epistemológica da teoria da Arquitetura de John Ruskin
A proposal of epistemological revision of John Ruskin's theory.

Claudio Silveira Amaral

 

 
Ruskin não se importava em emitir opiniões sobre assuntos que não dominava, pois insistia em ter o direito de opinar mesmo não sendo um especialista, além do que, o seu assunto principal não eram os assuntos tratados de forma isolada, mas um método cuja lógica estaria presente em todos eles.
O pensamento espacial de Ruskin possibilitou uma série de interpretações a seu leitor. Desde os que entenderam sua obra composta por assuntos isolados, até os que a viram como uma obra só. Aqui a produção ruskiniana será tratada como uma obra só, sendo o seu principal assunto uma estrutura de composição. Os volumes I, II, III, IV e V de os Pintores Modernos mais os volumes I, II, III das Pedras de Veneza, somados a As Sete Lâmpadas da Arquitetura serão tratados como uma única obra.
Para Ruskin, ensinar a desenhar é ensinar a ver, e ensinar a ver é ensinar a ler a lógica da natureza. “Now remember gentlemen that I have not been trying to teach you to draw, only to see.”[8]
Ruskin se comporta como se fosse o profeta que anuncia a verdade a seus discípulos, para tal não utiliza regras para o ensino do desenho, dizia que cada aluno deveria construir o seu próprio caminho de forma empírica conforme o seu olhar; a única coisa que pedia a esse olhar é que fosse composto por associações de assuntos justapostos, por memórias e simultaneidade de tempos, esperando com isso o aflorar da lógica natural para a consciência do observador.
O desenho ensinado pelo crítico de arte inglês continha uma teoria da percepção. Na verdade, Ruskin ensinou através de sua produção escrita. Ruskin ministrou aulas no Working Men’s College, em Londres, e no Ruskin School of Drawing and Fine Art, em Oxford. Hoje existe o Ruskin College, em Oxford, voltado à qualificação profissional de pessoas que não tiveram acesso aos estudos. O seu ensino do desenho era a sua reforma da percepção, que por sua vez continha uma proposta de reforma da sociedade industrial de então.
O desenho ruskiniano se relaciona com a percepção, a educação, a cultura, e as relações sociais no trabalho. A lógica presente em sua concepção de razão é quem estrutura todos estes assuntos e faz com que possam se relacionar.


[8] HASLAM, R. Looking, Drawing and Learning with John Ruskin at the Working Men’s College. Oxford: Jornal do Art & Design Education, vol. 7, n. 1, p 75, 1988.