Para Clastres (2003), é a escrita que torna possível a história, e é o Estado o lugar determinante do político que, pela regularidade do sistema, permite à escrita que se constitua como linha divisória na construção de uma sociedade com Estado. Pensamos aqui, a intervenção política da instituição da terra pela escrita da Ata, no povoado de Cuiabá, em Mato Grosso. A escrita da Ata representa a normatização jurídica no/sobre o local.
Assim, tomar a primeira escrita redigida em Mato Grosso, a Ata de fundação “do Arraial de Cuiabá”, move o nosso olhar nos diferentes processos inscritos na textura do texto, que administra sentidos políticos para o sujeito e para um determinado local. As considerações são importantes no percurso analítico, sobre o discurso que funda o povoado. Observemos o recorte:
o Capitão Mór Pascoal Moreira Cabral com os seus companheiros e ele requereu a eles este termo de certidão para notícia do descobrimento novo que achamos no ribeirão do Coxipó invocação de Nossa Senhora da Penha de França depois de que foi o nosso enviado o Capitão Antônio Antunes com as amostras que levou do ouro ao Senhor General [...].
A formulação do discurso da Ata de fundação do Arraial de Cuiabá torna-se um marco, um discurso fundador que organiza os sentidos na constituição da memória do Estado. O discurso da Ata não significa uma simples tomada de terra, o discurso territorializa sentidos sobre o ambiente natural. O acontecimento de linguagem permite compreendermos, que os discursos instituem uma história, que não é ou se define pela