Pêcheux (1995), diz que diferentes sujeitos terão necessariamente discursos também diferentes. Nesse processo, a língua funciona, então, enquanto base comum para diferentes processos discursivos, demonstrando que não há uma oposição entre a base lingüística e o processo discursivo. Expliquemo-nos. Como se sabe, todo sistema lingüístico é formado por um conjunto de estruturas denominadas fonológicas, morfológicas e sintáticas e que é pela estrutura, dotada de uma autonomia relativa que o submete a leis internas, as quais constituem, precisamente, o objeto da Lingüística (Idem, p.91). E é sobre a base dessas leis internas que se desenvolvem os processos discursivos e não inversamente, ou seja, de um pensamento puro ou acidental que simplesmente se valesse desses sistemas lingüísticos desprovidos de significação, de um funcionamento.
Seguramente, “para o analista de discurso, então, a língua não é o objeto, mas o pressuposto para analisar a materialidade do discurso” (FERREIRA, 1999, p.63). E se, na Análise de Discurso, é pelo discurso que se tem acesso à língua, é nela que subjaz, pelo funcionamento do discurso, o poder e que, é desdobrado, desnudo pelas minúcias de uma análise.
[13] Orlandi (2008),
Historicidade, indivíduo e sociedade contemporânea: que sentido faz a violência? Texto no prelo, apresentado no Encontro de Análise de Discurso na Universidade de Paria III, novembro de 2008.