Revista Rua


O discurso da normatização da terra
The discourse of the land normatization

Ana Luiza Artiaga R. da Motta

Desenvolvimento
 
A representatividade do simbólico constitui, segundo Castoriadis (1982), a teia de uma sociedade. Isto significa que o gesto de interpretação[6] do sujeito em relação ao social está atrelado à materialidade. Em continuidade, o autor diz que “encontramos primeiro o simbólico, é claro, na linguagem. Mas o encontramos igualmente, em outro grau e de outra maneira, nas instituições.[7]” A formulação nos faz pensar nos efeitos de sentido que são construídos no funcionamento da linguagem, do discurso. Como se sabe, a língua tem essa plasticidade e funciona em um jogo de tensão, o que permite compreender que o homem, pelo fato de se consistir em um ser simbólico, se constitui em sujeito pela linguagem e, inscreve-se na história para (se) significar.[8]
Retomamos Castoriadis (op.cit.), que traz como reflexão o simbólico e a instituição, o que torna possível a questão: afinal, o que são as instituições? Castoriadis diz que para melhor compreendermos o que é a instituição, faz-se necessário compreender a alienação. Para o autor, “a alienação não é nem a inerência à história, nem a existência da instituição como tal. Mas a alienação surge como uma modalidade da relação com a instituição e, por seu intermédio, da relação com a história”(p.139). Então, o que se coloca em pauta é a modalidade, que precisamos elucidar em relação à instituição. Castoriadis (op.cit) contesta a visão funcionalista em relação à instituição, sobretudo, o fato da instituição distanciar-se da sociedade à qual deve servir. Em continuidade, o mesmo autor vai dizer que uma sociedade necessita de determinadas condições para se fazer. Nesse sentido, o autor retoma a instituição enquanto espaço que se constitui pelo simbólico, ainda que ela não se reduza ao simbólico. E acrescenta que as instituições funcionam diferentemente, segundo as suas diretrizes e propósitos a que estão vinculadas, se à economia, ao religioso, à Lei. Isto implica dizer que o funcionamento da linguagem, o simbólico, inscreve uma determinada instituição em uma posição X e não Y dentro das relações sociais.


[6] Entendemos conforme Orlandi (1996) que, “a noção de interpretação passa por transparente quando na realidade são muitas e diferentes suas definições.” A autorabusca em M. Pêcheux (1969) a definição de gesto como ato no nível simbólico e o estende para a expressão “gestos de interpretação” significando assim que o interpretado é uma intervenção no real dos sentidos.
[7] Castoriadis (op.cit. p.142).
[8] Orlandi (op.cit).