Revista Rua


Mídia e Espaço Público

Guilherme Carrozza

 (Foto disponível em http://picasaweb.google.com/viniciusberton/SinalizaOSubjetivaEmCampinas/photo#5070011846627284402

Mas há também outras formas de se anunciar nas ruas que não afetam a visão no que diz respeito à dimensão física, mas também não deixam de se constituir em excesso pela quantidade e, mais ainda, pela sua forma de abordagem. Um exemplo disso que nos parece bastante pertinente é a distribuição de folhetos de propaganda, comuns em grande parte das cidades de médio e grande porte e, particularmente, na cidade de Pouso Alegre.
Ao andarmos pela avenida central da cidade, nos deparamos com inúmeras pessoas que ali se encontram oferecendo aos pedestres pequenos folhetos de anúncios. Isso também se repete com os motoristas em cruzamentos.
Guimarães, em uma análise sobre as práticas publicitárias[13], chama a atenção para o fato de que a circulação de folhetos em vias públicas se caracteriza pela reduplicação, enquanto procedimento de amplificação, diferentemente do outdoor, que funciona por ampliação. Um se excede pela quantidade, outro, pela dimensão. Ambos, porém, trabalham na instância do público, no que se refere ao domínio de circulação. Mas Guimarães também considera que, principalmente no caso dos folhetos, o acontecimento enunciativo produz imperativamente um alocutário-consumidor, beirando o constrangimento e a violência, pois passa pela questão do político no cotidiano contemporâneo. Reforçando essa idéia de violência, gostaríamos de acrescentar que o próprio gesto de aproximação para entregar um folheto a uma pessoa assemelha-se à posição que um ladrão assume quando aponta a arma à sua vítima, como se percebe nas figuras a seguir:
 


[13] Tais comentários são baseados em anotações feitas por mim em sala de aula, quando do oferecimento da disciplina Tópicos em Semântica, ministrada por Eduardo Guimarães no primeiro semestre de 2006, no IEL/Unicamp.