Revista Rua


Mídia e Espaço Público

Guilherme Carrozza

 

 
(foto disponível em http://thiagomiranda.wordpress.com/2007/02/27/poluicao-visual/)
 
 
Não podemos deixar de fazer referência aqui, diante desse fato, ao “Chapéu de Clementis”, conforme colocado por Courtine (1999). As mensagens foram retiradas, mas ainda continuam lá seus espaços em branco (vazios de imagem, mas não de sentidos). O que se pode dizer sobre isso, é que as placas em branco, nesse espaço urbano e nessas condições de produção – de interdição, de silenciamento – constituem ainda textos que trabalham com uma memória que vai na direção da intervenção do Estado sobre o espaço público. Não são as marcas de produtos que são silenciadas, mas uma prática que representa o movimento do mercado. O Estado “priva” a utilização do público.
Para finalizar, gostaríamos ainda de relembrar Orlandi (2004) quando afirma que
 
“ esse aprisionamento da materialidade significativa da cidade pelo discurso (do) urbano que a imobiliza no enquadramento que a afasta de outros (novos) sentidos, destitui também o social de sua significância mais própria, reduzindo as possibilidades de sua historicização. As condições materiais concretas da cidade antes de serem trabalhadas já são evitadas pelo planejamento, pela administração.” (p. 66)
 
Os textos circulantes em defesa da lei que pretende “acabar” com a poluição visual em São Paulo sustentam-se na cidade enquanto “local de relações sociais”, já que, na evidência, justificam-na pela preocupação com a qualidade de vida e bem-estar dos moradores. Mas interessa-nos pensar no seu efeito quando propõem que, como resultado, o que se terá é a “verdadeira cidade”. Constrói-se, pois, na história, um determinado sentido do social por meio do pré-construído da cidade verdadeira. No nosso ponto de vista, isso silencia o social, pensado