Revista Rua


Denominação: um percurso de sentidos entre espaços e sujeitos
Denomination: a course of senses among places and subjects

Greciely Cristina da Costa

coloca em cena o discurso ecológico que a significa como risco, dada sua localização geográfica. Um dizer que se divide entre o social e o urbano.
 
E5: Por uma estação da Lithg, bem próximo a favela do Sapo, porque a favela do Sapo na verdade era um Conjunto Habitacional que virou favela, né? E a...o Sossego não, o Sossego é favela de morro, barraco, sempre foi assim.
           
Esse fragmento, por sua vez, é bastante interessante, pois aponta um processo inverso de favelização – de conjunto habitacional para favela. Mostra com isso que esse processo não está ligado às questões de urbanização ou de propriedade, mas de significação. E ainda, expõe uma subclassificação: favela de morro, de barraco.
 
E5: Mas tem uma outra área de Bangu onde uma amiga minha mora que é Parque Leopoldina, já ouviu falar? Que não é uma favela, é um bairro de classe média bem razoávelzinho(sic), um bairro novo e tal...e que é próximo de uma favela...
           
Nesse outro fragmento, a diferença entre favela e bairro é enunciada. Não se trata, nesse discurso, apenas de uma diferença pautada na urbanização, mas, sobretudo, na classe sócio-econômica do morador. “E9: aqui não tem nenhum morador bandido, como tem em favela: ah, aí mora fulaninho. Aqui não. Aqui não tem bandido. Já teve. Há uns dez anos atrás já teve.”
Favela tem bandido. Esse é o pré-construído que irrompe na formulação acima e dá sentido à favela na diferença com outro espaço. Um discurso cujo efeito ideológico de metonimização incide através do pré-construído. “E21: É. Vamos supor, você vai numa outra comunidade, numa outra favela, aí você dá o mapa da (...)da favela pra chegar e invadir.”
       Comunidade e favela são denominações que, nesse enunciado, funcionam como
       sinônimas na relação com o espaço a ser invadido, ou seja, incide, no intradiscurso, o já-dito de terra de ninguém.
 
E22: Tem terreno ainda; já tem um conjunto; conjunto não! As pessoas que estão comprando um terreno e construindo desordenadamente lá. Aí, lá eles chamam de favela, porque não tem nada. Não tem saneamento básico não tem nada. É uma coisa muito estranho porque assim, de um lado, tem um bairro organizado, tudo asfalto e logo assim ao lado, atravessando a rua praticamente, aquelafalta de organização.