Revista Rua


Saussure e o Sentimento: A Forma do Sentimento Lingüístico
(Saussure and the Feeling: the Form of the Linguistic Feeling)

Alessandro Chidichimo

SENTIMENTO, MUDANÇA, ANALOGIA
 
O emprego e a mudança lingüística representa o terceiro nível onde nós encontramos o sentimento. A propósito da mudança para Saussure na língua há dois tipos: fonética e analógica. Essas duas mudanças estão sempre presentes na língua. A mudança fonética é uma condição que nós podemos chamar mecânica. Ela está ligada à erosão e à desagregação da língua pelo emprego contínuo das palavras nos falantes. Ao contrário, a mudança analógica age na direção oposta da mudança fonética:
 
Le résultat le plus général du changement phonétique est une action différenciatrice, <la somme des formes existant dans la langue est augmentée.> <Nous verrons que> les changements analogiques sont unificateurs et travaillent à l’encontre des <changements phonétiques>. Ils ne <leur> sont pas comparable quant à leur essence. (p. 55, R I).
 
 
A analogia é caracterizada pelo fato de que ela não produz uma forma totalmente nova, mas a analogia trabalha com o material já presente na língua. Com efeito, há uma circularidade na analogia ao contrário da fonética que representa uma horizontalidade, uma direção. Nessas condições a analogia parece ser antihistórica[14]: “Le changement <analogique> a le caractère d’une erreur historique, d’une faute contre la langue” (SAUSSURE, 1907: 57, R I). O mecanismo analógico funciona com uma constante comparação das formas:
 
C’est un drame à trois personnages :
1. le type transmis <jusqu’alors>, héréditaire, légitime
2.le concurrent
3.un personnage collectif : les formes qui ont engendré le concurrent
(SAUSSURE, 1907: 61, R I)
 
Mas ao mesmo tempo a analogia não produz uma forma completamente nova:
 
Dans cette formation il y a donc deux caractères : elle est une création et elle n’est pas une création : création au sens de combinaison nouvelle, pas création en ce sens qu’il faut que ces éléments soient déjà prêts, élaborés tels qu’ils se présenteront dans la forme nouvelle. (SAUSSURE, 1908: 60, R II).


[14] Saussure fala da antihistoricidade da língua (cf. NORMAND, 2004) na ocasião do primeiro curso. Mas a primeira vez que esta afirmação aparece é no Note Whitney. Para uma leitura de Note Whitney, Ms. fr. 3951/10, cf. GAMBARARA, 2007.