Revista Rua


Saussure e o Sentimento: A Forma do Sentimento Lingüístico
(Saussure and the Feeling: the Form of the Linguistic Feeling)

Alessandro Chidichimo

que ele utiliza todo o tempo: To be safe essentially means thatit is physically impossible that certain things should happen to me. Mas a língua muda o tempo todo, ela não é jamais a mesma língua e a mudança nasce graças ao emprego da língua pelo falante. A condição do falante que pensa que a palavra “helicóptero” tem um laço com o helicóptero material e que essa palavra é sempre válida, é um absurdo, pertenceria a uma língua jamais utilizada and therefore it’s nonsense to say that I am safe whatever happens (WITTGENSTEIN, ivi). Pensar uma língua como sempre válida, é pensar a língua da mesma maneira que um corpo sólido. E então o instante da mudança parece ser o instante da crise do sistema, onde todo o sistema pode falir. Mas ao contrário a mudança e o emprego são a realidade constante da língua, que é tal porque ela é utilizada. Mas se uma língua é utilizada pelos falantes, então não é possível que ela fique a mesma língua. Para ter uma língua é necessário o emprego, o emprego comporta a mudança, e enfim uma língua implica necessariamente a mudança. O lugar criado pelos signos da língua é então propriamente o lugar da crise. A vida dos signos não está jamais numa regularidade, mas ao contrário, sempre numa condição de irregularidade e de possibilidade de mudança[16]. A natureza mutante da língua proíbe todas as possibilidades de constrição do signo. Mas ao mesmo tempo é justamente a infinita possibilidade de determinação, que produz a necessidade de uma constrição, de uma encarnação nos atos de fala singulares. 
Os atos de fala são assim um ponto de referência – como um sinal para reencontrar a vida – mas precisamente porque qualquer coisa é dita, ela faz introduzir uma outra ocorrência possível para as variáveis do sistema.
Mas nesse sistema em movimento qual é a referência para estabelecer que uma forma seja justa? Eu penso que o falante trabalha em relação às formas lingüísticas com todas as conseqüências que a palavra “forma” tem com ele. O sentimento é o momento em que uma forma é considerada como determinada em si, onde o ser absolutely safe é evidente. O falante sente a justeza da forma, que a forma é esta forma e não uma outra forma: That is to say: I see now that these nonsensicalexpressions were not nonsensical because I had not yet found thecorrect expressions, but that their nonsensicality was their veryessence (WITTGENSTEIN, 1965).
Mas como isso é possível?


[16] Saussure no capítulo sobre Immutabilité et mutabilité du signe linguistique durante maio de 1911 (cf. C, p. 310 et sv.) explica a dependência entre a discontinuidade e a continuidade.