Revista Rua


O silêncio nos morros: relações de sentido silenciadas presentes nos livros Abusado e Cidade Partida
The silence in the hills: sense relations silenced in such books Abusado and Cidade Partida

Felipe Rodrigues

não estaciona na interpretação, trabalha seus limites, mecanismos, como parte dos processos de significação (ORLANDI, 1999, p. 20).
Importante destacar que a Análise do Discurso não procura um sentido verdadeiro, através de uma chave de interpretação. Não há uma verdade oculta atrás do texto, mas gestos de interpretação que o constituem e que o analista, com seu dispositivo, deve ser capaz de compreender. A análise visa compreender como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por sujeitos. Essa compreensão implica em explicitar como o texto organiza os gestos de interpretação que relacionam sujeito e sentido, para produção de novas práticas de leitura.
Quando nascemos, os discursos já estão em processo e nós é que entramos nesse processo. Eles não se originam em nós. Isso não significa que não haja singularidade na maneira como a língua e a história nos afetam. Mas não somos o início delas. Todo o dizer é ideologicamente marcado. É na língua que a ideologia se materializa, nas palavras dos sujeitos. O analista se propõe a compreender como o político e o linguístico se interrelacionam na constituição dos sujeitos e na produção de sentidos, ideologicamente assinalados. Como o sujeito (e os sentidos), pela repetição, estão sempre tangenciando o novo, o possível, o diferente.
As formações discursivas podem ser vistas como regionalizações do interdiscurso, configurações específicas dos discursos em relações. O interdiscursos disponibiliza dizeres, determinando, pelo já-dito, aquilo que constitui uma formação discursiva em relação a outra, nova. Dizer que a palavra significa em relação a outras, é afirmar essa articulação de formações discursivas dominadas pelo interdiscurso em sua objetividade material contraditória. (ORLANDI, 1999, p. 22).
O sentido etimológico da palavra deontologia faz referência à ciência dos deveres. Deon, Deontos significa obrigação, dever e logia expressa conhecimento, estudo. O conceito deontologia foi criado por Jeremy Bentham em sua obra Deontologia, a ciência da moral. Para ele, a deontologia se aplica para as condutas dos homens que não estão escritas no Código Civil. Outro filósofo a estudar a deontologia foi Immanuel Kant que diferentemente de Bentham inspirava-se na ideia de imperativo categórico de que uma regra de conduta só pode ser eticamente aceita se for universal, isto é se tiver validade tanto para o agente quanto para todos os outros seres racionais. O ato deve se revestir das características que sejam válidas para todos. Não importam as consequências dos atos e sim sua intencionalidade (BUCCI, 2000, p. 22).