não estaciona na interpretação, trabalha seus limites, mecanismos, como parte dos processos de significação (ORLANDI, 1999, p. 20).
Importante destacar que a Análise do Discurso não procura um sentido verdadeiro, através de uma chave de interpretação. Não há uma verdade oculta atrás do texto, mas gestos de interpretação que o constituem e que o analista, com seu dispositivo, deve ser capaz de compreender. A análise visa compreender como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por sujeitos. Essa compreensão implica em explicitar como o texto organiza os gestos de interpretação que relacionam sujeito e sentido, para produção de novas práticas de leitura.
Quando nascemos, os discursos já estão em processo e nós é que entramos nesse processo. Eles não se originam em nós. Isso não significa que não haja singularidade na maneira como a língua e a história nos afetam. Mas não somos o início delas. Todo o dizer é ideologicamente marcado. É na língua que a ideologia se materializa, nas palavras dos sujeitos. O analista se propõe a compreender como o político e o linguístico se interrelacionam na constituição dos sujeitos e na produção de sentidos, ideologicamente assinalados. Como o sujeito (e os sentidos), pela repetição, estão sempre tangenciando o novo, o possível, o diferente.
As formações discursivas podem ser vistas como regionalizações do interdiscurso, configurações específicas dos discursos em relações. O interdiscursos disponibiliza dizeres, determinando, pelo já-dito, aquilo que constitui uma formação discursiva em relação a outra, nova. Dizer que a palavra significa em relação a outras, é afirmar essa articulação de formações discursivas dominadas pelo interdiscurso em sua objetividade material contraditória. (ORLANDI, 1999, p. 22).
O sentido etimológico da palavra deontologia faz referência à ciência dos deveres. Deon, Deontos significa obrigação, dever e logia expressa conhecimento, estudo. O conceito deontologia foi criado por Jeremy Bentham em sua obra Deontologia, a ciência da moral. Para ele, a deontologia se aplica para as condutas dos homens que não estão escritas no Código Civil. Outro filósofo a estudar a deontologia foi Immanuel Kant que diferentemente de Bentham inspirava-se na ideia de imperativo categórico de que uma regra de conduta só pode ser eticamente aceita se for universal, isto é se tiver validade tanto para o agente quanto para todos os outros seres racionais. O ato deve se revestir das características que sejam válidas para todos. Não importam as consequências dos atos e sim sua intencionalidade (BUCCI, 2000, p. 22).