Revista Rua


Da parede ao corpo social: a carne que não satisfaz
From the Wall to the Social Body: the Meat Doesn't Satisfy

Gesualda dos Santos Rasia

O ENUNCIADO-RESPOSTA
Disponível em: http://www.flickr.com/photos/askforjazz/3699569913/[9]
 
Própria de grupos adolescentes e emergente em alguns espaços midiáticos, a expressão “é foda!”, embora corriqueiramente ouvida, “soa” diferente quando chamada à visualização, como no registro da foto, também em uma parede do espaço urbano de Curitiba (PR). Soa diferente porque uma vez inscrita, pereniza-se, ao menos até o dia da tintura renovada, e na duração dessa perenidade efêmera, faz mobilizar um campo de memória acionado por links que reportam, primeiramente, aos lugares de interdição. Pensemos um pouco a respeito dessa expressão.
É f...
Uma das condições históricas da linguagem é o interdito, no sentido foucaultiano de que
 
Em uma sociedade como a nossa, conhecemos, é certo, procedimentos de exclusão. O mais evidente, o mais familiar também, é a interdição. Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer


[9] Segundo consta em vários blogs consultados na internet, a inscrição “Carne é crime” começou a aparecer, em paredes de Curitiba, no ano de 2007, e o enunciado “Fome é foda” apareceu, em vários deles, na condição de resposta e/ou comentário. Vale dizer, ainda, que no site Veganpride.com, de cunho vegetariano, entre outras bandeiras, estão disponíveis para venda adesivos com a inscrição “Carne é crime”.