Revista Rua


Do Repetível ao Historicizado: Notas Sobre uma Prática de Sentidos
(From the Repeatable to the Historicized: Notes About a Practice Of Senses)

Rejane Maria Arce Vargas

pronomes e verbos que nos permitem pensar a ‘mobilização’ empreendida pelos sujeitos em favor de uma ponte para a comunidade, tal como segue:
 
SD 1[13]
Eu participei do mutirão da consciência ambiental, nós limpamos a comunidade, quase toda a comunidade. Foi legal porque é para nós mesmos.../ Eu também participei da ponte...
SD 2
Toda a escola se empenhou para colocar uma ponte nova. Eu me lembro que eu estava na 2ª série, cada um de nós ganhou uma folha de abaixo-assinado para preencher com os moradores, eu preenchi todo o meu abaixo-assinado
SD 3
Nesses anos nós fizemos várias coisas, arrumamos a ponte da vila 7 de dezembro, também [nós] conseguimos o asfalto... [nós] fizemos o mutirão da consciência ambiental... [nós] fizemos a caminhada da paz... 
SD 4
Eu me lembro que um dia a escola fez um mutirão pela paz na comunidade, todos nós fizemos este mutirão.../ E também nós fizemos outro mutirão para arrumar a ponte... nós mandamos cartas para o vereador da comunidade...
SD 5
...nós conseguimos que colocassemo asfalto em toda a rota do ônibus...
SD 6
...quando eu estava na terceira série, eu participei da construção da ponte, lá nos fundos do colégio...
SD 7
Nós, jovens da Escola Marista Santa Marta, lutamos para conseguir muitas coisas para a nossa comunidade... / [nós] Fizemos protesto para conseguirmos mais segurança para a nossa comunidade, [nós] mandamos cartas em 2003 para o prefeito para arrumar a ponte aonde o ônibus passava porque tava caindo e conseguimos./ [nós] Fizemos mutirão para limpar a nossa comunidade, [nós] fizemos passeata da paz. Nós fizemos muitas coisas pela nossa comunidade e fora o que eu não me lembro...
SD 8
Os jovens ajudam muito a comunidade... o mutirão da consciência ambiental, a ponte e agora asfaltar as ruas principais./...[nós] tentamos fazer outras coisas, mas não deu certo por que a prefeitura não quis.
 
O referente emblemático que figurou em 25 do conjunto dos 30 textos examinados constitui um pontilhão designado[14] como ‘ponte’. Este referente é de


[13] SD = seqüência discursiva; SDs = seqüências discursivas; [nós] intercalação nossa; / = parágrafo diferente.
[14] Designação tal como é formulada por Guimarães (2005), ou seja, um nome tomado na história, por meio de relações lingüístico-simbólicas, isto é, remetido ao real, assim como a noção de referente que não tem uma dimensão pragmática, mas histórica, quer dizer, na medida em que as relações lingüístico-histórico-simbólicas se estabelecem ou historicizam o dizer pela prática de sentidos, estas apontam para o referente e não ao contrário, pois as coisas são referidas enquanto designadas/significadas.