Revista Rua


Do Repetível ao Historicizado: Notas Sobre uma Prática de Sentidos
(From the Repeatable to the Historicized: Notes About a Practice Of Senses)

Rejane Maria Arce Vargas

Movimento Democrático dos Sem-Terra[23]. Do ponto de vista da articulação lingüístico-discursiva, relaciona-se com os recortes que salientamos nas SDs 01 a 08 dos textos-ponte, bem como em caráter analítico-ilustrativo, na figura 01. Desse modo, vem a apontar para uma discursividade que se articula por entre enunciados que conclamam à resistência, que atualiza saberes discursivos, alinhamos com o que chamaríamos ‘movimento social de esquerda’ (sob o reconhecimento do risco de uma redução).
 
Foto 01 - Caminhada/Manifestação pela comunidade alusiva aos 15 anos de ocupação da fazenda, em 07/12/2006. Fonte: Acervo pessoal.
      
 
A discursividade na comunidade, representada pelos dizeres dos adolescentes, está constituída e organizada em torno de uma práxis: visa à ‘ação’ que desencadeia um ‘processo’, ambos mediados por um ‘objetivo’. Nesse sentido, importa retomarmos a análise dos textos-ponte: é necessário LUTAR (ação), o que envolve ‘fazer’; protesto, passeata, mutirão, abaixo-assinado, com o objetivo de que se possa CONQUISTAR (processo) o direito de ‘conseguir’ uma PONTE (objetivo). Para nós, a relação afigura-se bastante estreita: para MORAR (objetivo) é preciso OCUPAR (ação) e é necessário RESISTIR (processo) no lugar a fim de que a moradia se efetive.
Para mais, a tríade verbal no infinitivo: Ocupar, resistir para morar forja um lugar a ser ‘ocupado’. Um espaço a ser tomado pelo sujeito mediante luta (vide figura 03). Ocupar, resistir e morar são ações instadas a serem efetivadas por atores não conclamados, não tematizados. Não está dito. O ‘todos’ da universalização entra em funcionamento. O lugar do sujeito a incorporar a luta seria então fabricado pela ação,


[23] Dois enunciados analisados por Indursky (2006).