É nesse contexto que surge o polêmico projeto urbanístico Nova Luz
[1] de intervenção espacial com a finalidade de promover revalorização, consistindo no fomento de um pólo comercial e de serviços e na construção de um parque que visa o afluxo de empresas da área tecnológica, por meio de incentivos fiscais, e busca a atração de classes sociais mais abastadas por meio do espetáculo do consumo turístico, lazer e cultura. Diante disso é necessário questionar
sobre a capacidade explicativa da
gentrificação enquanto conceito analítico nesta conjuntura, ponderando sobre suas limitações no que se refere a um fenômeno de caráter global com particularidades locais, pois a cidade de São Paulo, particularmente a área que circunscreve a Luz, é caracterizada por dinâmica e recorrente construção e destruição da paisagem urbana como se nota nos anexos das figuras 4 e 5 e por um patrimônio plural no qual imperam discursos e práticas de revalorização. Assim o espaço tem alcançado visibilidade pela incessante busca de o poder público e o setor imobiliário transformá-lo em um “bairro cultural”. Conquanto haja esse escopo, o fenômeno da
gentrificação é questionável, porque não houve alteração total em termos residenciais como nos casos europeus e norte-americanos; novas classes não se estabeleceram e sim são atraídas pelas instituições culturais, ademais não houve uma nova configuração do mercado imobiliário. Entretanto, tais reflexões trazem apontamentos críticos à transposição de categorias analíticas, visto que o discurso do Projeto Nova Luz intenta nitidamente a reestruturação, contudo encontra resistência da população local e um problema que é de longa data e de difícil reversão com soluções imediatas e de curto prazo.