Revista Rua


Entre o eterno e o efêmero: o uso do SIG - Histórico para uma análise da transformação da paisagem
Between perpetual and the ephemeral one: the use of the historical-gis for analysis of the transformation of the landscape

Bárbara Lustoza da Silva Borba e João Rodrigo Vedovato Martins

Criação de áreas residenciais para classes médias e altas em bairros de áreas urbanas centrais, articuladas a processos de controle ou expulsão de setores das classes populares, em um processo também assinalado pelo desempenho de determinados estilos de vida e de consumo, que produz mudanças da composição social de um determinado lugar, bem como tipos peculiares de segregação sócio-espacial e de controle de diversidade[1], impõe-se como um desafio devido à pluralidade de perspectivas que em muitos momentos se mostram antagônicas de acordo com os interesses em questão.
O espaço constituiu-se, com foco em transporte ferroviário, aproximadamente em 1860, quando o Barão de Mauá associou-se a capital inglês para construção da ferrovia The São Paulo Railway Company, a qual tinha como escopo direcionar a produção cafeeira do interior para o porto de Santos. Por conseguinte, no ano de 1865 erige-se a Estação da Luz ocasionando importantes mudanças no bairro, como a consolidação do comércio e sua diversificação para atender à demanda de viajantes, de tal modo que a área é valorizada por meio dos investimentos do governo local e pela integração do bairro ao centro. A Luz transformara-se em um bairro de turismo e lazer, com a Avenida Tiradentes arborizada e o Jardim da Luz começando a ser frequentado. Nos Campos Elísios, bairro contíguo, os barões do caféconstroem suas residências enquanto moradias populares ampliam-se nos arredores, contribuindo para que o bairro diminua seu caráter estritamente elitista e a população de classes abastadas comece a migrar para as regiões emergentes da cidade, como a oeste e a sul. No século XX gradualmente a ferrovia entra em decadência não cumprindo sua função primordial de transporte de carga, de tal modo que a Estação passa a fazer parte do sistema metropolitano de transporte de passageiros e promovendo, em meados de 1970, a incidência de segmentos sociais pertencentes a classes mais baixas na região. A presença de cortiços, prostituição e tráfico de drogas se torna significativa, ao mesmo tempo em que se implanta a linha do metrô e acontece a transformação da Avenida Tiradentes em via expressa.


[1] FRÚGOLI, Heitor Junior; SKLAIR, Jessica. O Bairro da Luz em São Paulo: questões antropológicas sobre o fenômeno da gentrification. Cuadernos de Antropología Social n° 30, PP. 119-136, 2009. FFYL – UBA – ISSN: 0327-3776.