Revista Rua


Entre o eterno e o efêmero: o uso do SIG - Histórico para uma análise da transformação da paisagem
Between perpetual and the ephemeral one: the use of the historical-gis for analysis of the transformation of the landscape

Bárbara Lustoza da Silva Borba e João Rodrigo Vedovato Martins

(...) a organização material das práticas sociais de tempo compartilhado que funcionam por meio de fluxos. Por fluxos, entendo as sequências intencionais, repetitivas e programáveis de intercâmbio e interação entre posições fisicamente desarticuladas, mantidas por atores sociais nas estruturas econômica, política e simbólica da sociedade.[1]
 
O espaço de fluxo, segundo Castells, se relaciona com um novo conceito de temporalidade, o tempo “atemporal” – ruptura de ritmos sociais ou biológicos – o qual fragmenta a ideia de tempo linear e irreversível de modo a criar diversos “universos eternos”. Essas misturas de tempo demonstram-se aleatórias e são resultantes das dinâmicas instantâneas e simultâneas possibilitadas pela internet, construindo um ideário de presente eterno.
Dentre as definições de espaço sustentadas por Santos e Castells podemos identificar que ambas comungam da percepção de que as relações sociais são necessárias para a constituição do espaço. Todavia, espaços físicos e virtuais se diferenciam significativamente em suas configurações temporais e simbólicas.
 
Google Earth e a “controvérsia do tempo”
Mediante as experiências com o Google Earth é possível identificar uma funcionalidade que corresponde à abordagem da geografia-histórica proposta pelos Annales, a ferramenta Imagens Históricas. Com tal funcionalidade é possível delimitar um espaço e retroagir a paisagem em uma escala definida de tempo no passado. Entretanto tal escala cronológica é limitada, como é possível notar na interface da América Latina no globo terrestre, a qual somente retroage até 1934.
Os recortes selecionados para as experimentações com as imagens das paisagens situam-se no atual Parque da Juventude – na região norte da cidade de São Paulo – e no entorno da Estação de metrô e trem da Luz – situada na área central da cidade. As imagens constantes no o “retorno ao passado” fazem parte do arquivo do programa; no caso da paisagem do Parque da Juventude, o qual possui o intervalo de imagens armazenadas entre os períodos do ano de 2000 a 2009 foi por pouco (dois anos) que os registros visuais do espaço da antiga penitenciária não estivessem disponíveis. O intervalo de imagens situa-se entre 2002 a 2009 no que concerne à área circunscrita da Estação da Luz.


[1] Op. cit. p. 501.