Revista Rua


Entre o eterno e o efêmero: o uso do SIG - Histórico para uma análise da transformação da paisagem
Between perpetual and the ephemeral one: the use of the historical-gis for analysis of the transformation of the landscape

Bárbara Lustoza da Silva Borba e João Rodrigo Vedovato Martins

Retomando a definição de Castells da internet como espaço de fluxos e intemporalidades, podemos identificar, por outro lado, que também é possível utilizá-la como fonte e ferramenta útil. A concepção de espaço como construção social para entender os fenômenos culturais já citada neste por Santos é compreensível ao utilizar o Google Earth e sua função Imagens Históricas no espaço recortado. Entretanto, deparamo-nos com uma dificuldade de possíveis anacronismos relacionados à concepção de tempo presente ao qual se situa a internet: a paisagem só passou por modificações nos últimos dez anos? E antes do período que a ferramenta disponibiliza, o que havia?
Dessa forma, cabe mais uma vez a preocupação da historiadora ou do historiador às perguntas que fazemos às fontes, e como operacionalizamos as ferramentas disponíveis. As fontes virtuais (como todas as fontes, afinal) precisam ser questionadas a todo tempo, pois como as informações oferecidas são abundantes, instantâneas e simultâneas, encontram-se dadas e estabelecidas de acordo com as políticas de uso e reprodução dos serviços de servidor e administração dos sites, os quais podem possuir uma série de interesses e relações de poder a serem defendidas.
Por fim, tais meios podem ser frutíferos no uso da história, com o cuidado constante de problematizar as noções totalizantes, estáticas e instantâneas de tempo e espaço que podem ser enviesadas pelas ferramentas, quebrando a ideia inicial de que tais meios disponibilizam uma visão absoluta e inerte do objeto e ambiente em questão, tornando alheios fatores sociais, ambientais e temporais que perfazem a alteração do espaço por intermédio das ações humanas, não-humanas, ambientais e mecânico-tecnológicas.
Os meios digitais e virtuais fazem, de forma crescente, parte de nosso cotidiano nas diversas esferas de nossa vida e, considerando uma abordagem de tempo presente, torna-se um desafio investigar um objeto no qual também somos sujeitas e sujeitos.