Revista Rua


Derivas de sentido no discurso sobre a solidariedade na Feicoop
Derivations of sense in the discourse about the solidarity at Feicoop

André Luís Campos Vargas

Acreditamos que essa diferenciação possa ser compreendida fundamentalmente pelo modo de organização no qual os integrantes provindos de uma condição de exclusão se associam a uma forma de gestão democrática e participativa que, no caso deste estudo, se oferece como alternativo ao modo capitalista. 
Por sua vez, o quadro 3 visa a dar uma mostra de como se pode compreender a historicidade para solidariedade na Feicoop.
1997 a 1998
 
Solidariedade
A
1999
Solidariedade
A
 Economia Popular Solidária
     B              C           D
2000
Solidariedade
A
Socioeconomia solidária (de Santa Maria)
     E         B                D
 
2001 a 2003

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Economia Popular Solidária
      B              C          D
 
2004
 
 
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E P S (Economia Popular Solidária) 
B C D
2005 a 2008
 
 
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Economia Solidária (do Mercosul)
        B           D
Outra economia
      F      B
 
Quadro 3 - Solidariedade
O quadro 3 visa dar uma mostra de como se pode compreender a historicidade para solidariedade na Feicoop. De acordo com Orlandi, a historicidade é:
representada pelos deslizes produzidos nas relações de paráfrase que instalam o dizer na articulação de diferentes formações discursivas, submetendo-os à metáfora (transferências), aos deslocamentos: possíveis ‘outros’ (ORLANDI, 2003, p. 79).[4]
Com base na formulação da autora, que se sustenta na noção de efeito metafórico formulada por Pêcheux (1997), ou seja, fenômeno semântico produzido por uma substituição contextual, conforme já mencionamos, e no conceito de “deriva de sentidos” (PÊCHEUX, 2008)[5], acreditamos ser possível enunciar que a paráfrase está para o deslize e a metáfora para o deslocamento. O que com isso queremos dizer é que há uma nuance entre deslize e deslocamento, embora tanto um quanto outro dependam das relações de paráfrase, um deslize, por exemplo, pode configurar efeitos


[4] Grifo no texto, negritos nossos.
[5] “todo enunciado é intrinsecamente suscetível de tornar-se outro, diferente de si mesmo, ao deslocar discursivamente de seu sentido para derivar para um outro” (PÊCHEUX, 2008, p. 53).