Revista Rua


Derivas de sentido no discurso sobre a solidariedade na Feicoop
Derivations of sense in the discourse about the solidarity at Feicoop

André Luís Campos Vargas

visando formular, a partir da análise, um sentido possível para a solidariedade em funcionamento na Feicoop.
Levamos em conta o fato de que Orlandi (2006, 2003) propõe que observemos a dinâmica discursiva mediante o jogo entre dois dos processos de constituição da linguagem: a paráfrase e a polissemia. De acordo com ela, a paráfrase é considerada, na Linguística, como a matriz do sentido, uma vez que não há sentido sem repetição, sem sustentação no saber discursivo. Ela é, assim, o retorno a um mesmo espaço dizível (memória) que, todavia convive em tensão com a polissemia que, por sua vez, é considerada como a fonte da linguagem. A polissemia aponta para possibilidades de ruptura, para diferentes efeitos de sentido em relação a um mesmo objeto simbólico; é a própria condição de existência dos discursos, uma vez que, se os sentidos e os sujeitos não fossem múltiplos não haveria necessidade do dizer. Esses dois processos, paráfrase e polissemia, são igualmente atuantes e determinantes para o funcionamento da linguagem, desse modo, é difícil estabelecer limites precisos entre o mesmo (paráfrase) e o diferente (polissemia).
 
Uma palavra por outra e o efeito resultante
 
O efeito metafórico é “o fenômeno semântico produzido por uma substituição contextual, para lembrar que esse ‘deslizamento de sentido’ entre x e y é constitutivo do ‘sentido’ designado por x e y” (PÊCHEUX, 1997, p. 96)[3] e, mais, é lugar da ideologia, da interpretação e da historicidade. O processo de produção de sentidos está, portanto, sujeito ao deslize, uma vez que sempre há um “outro” possível que o constitui; tanto o diferente como o mesmo se formulam mediante processos históricos, são afetados pelo efeito metafórico.
O que queremos sublinhar remete substancialmente à tensão entre o mesmo e o diferente, uma vez que é o mesmo da paráfrase, que é uma repetição que joga com equívoco e que, portanto, está sujeita ao diferente, que desencadeia de um efeito metafórico.  A fim de ilustrarmos como trabalhamos com esses conceitos no processo analítico, com base em Orlandi (2003), elaboramos a seguinte representação:


[3] Grifos do autor.