Revista Rua


Derivas de sentido no discurso sobre a solidariedade na Feicoop
Derivations of sense in the discourse about the solidarity at Feicoop

André Luís Campos Vargas

comercial (no caso, do processo de comercialização direta aos consumidores). Podemos então dizer: organizam-se sentidos na ordem do discurso “sobre”, o que acarreta um efeito de homogeneização. Contudo, no discurso “sobre”, o discurso “de” deixa seus vestígios, como marca dos sujeitos que o fazem funcionar, que o praticam.
Como observamos, há diferentes instâncias de constituição/formulação/circulação (e organização) do discurso sobre (e de) solidariedade na Feicoop e vale destacar que os “outros” também estão presentes [vide destaques vermelhos na imagem].
Conclusão
Este estudo nos possibilitou a experimentação de que há o mesmo no diferente, há um imbricamento entre eles, ditado pelos processos históricos do dizer, os quais foram trazidos à tona por meio da produtividade analítica da noção de efeito metafórico que proporcionou a desconstrução de efeitos de evidência.
Analisamos a discursivização da palavra solidariedade que constitui um discurso que conclama a um fazer ético, via práticas produtivas e subjetivas de forma a instaurar uma “outra” economia - contrária a que circula sob a égide dos mercados globais, sendo reproduzida pela ideologia do capitalismo neoliberal.
Compreendemos que o discurso sobre a solidariedade na Feicoop, guarda relação com o “discurso de”, sem apagá-lo e preconiza a construção de uma sociedade socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sadia, organizadamente solidária e cooperativada, politicamente democrática, por meio de “outro” modelo de desenvolvimento. Nesse sentido, os enunciados “Uma outra economia acontece” e um “Outro mundo é possível” referenciam uma oposição e não uma destituição ou substituição do capitalismo e instauram uma prática que torna possível o “outro”, mediante uma economia popular solidária.
Essas relações de sentido, à luz da AD, permitiram-nosconsiderar que o dizer é polissêmico, pois não encontra um “sentido próprio” do qual “desvia”, observa-se que, resguardadas sempre as condições de produção de um discurso, ele se determina historicamente, de forma que não pode ser “qualquer um”. Nesse caso, a economia determinante na Feicoop é “outra” (não a dominante) e é “solidária” (e não capitalista). As determinações recobrem essa discursividade e, em nossa compreensão, dão força a esse discurso. Elas formulam as oposições. Em um cenário hodierno de fluidez e