comercial (no caso, do processo de comercialização direta aos consumidores). Podemos então dizer: organizam-se sentidos na ordem do discurso “sobre”, o que acarreta um efeito de homogeneização. Contudo, no discurso “sobre”, o discurso “de” deixa seus vestígios, como marca dos sujeitos que o fazem funcionar, que o praticam.
Como observamos, há diferentes instâncias de constituição/formulação/circulação (e organização) do discurso sobre (e de) solidariedade na Feicoop e vale destacar que os “outros” também estão presentes [vide destaques vermelhos na imagem].
Conclusão
Este estudo nos possibilitou a experimentação de que há o mesmo no diferente, há um imbricamento entre eles, ditado pelos processos históricos do dizer, os quais foram trazidos à tona por meio da produtividade analítica da noção de efeito metafórico que proporcionou a desconstrução de efeitos de evidência.
Analisamos a discursivização da palavra solidariedade que constitui um discurso que conclama a um fazer ético, via práticas produtivas e subjetivas de forma a instaurar uma “outra” economia - contrária a que circula sob a égide dos mercados globais, sendo reproduzida pela ideologia do capitalismo neoliberal.
Compreendemos que o discurso sobre a solidariedade na Feicoop, guarda relação com o “discurso de”, sem apagá-lo e preconiza a construção de uma sociedade socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sadia, organizadamente solidária e cooperativada, politicamente democrática, por meio de “outro” modelo de desenvolvimento. Nesse sentido, os enunciados “Uma outra economia acontece” e um “Outro mundo é possível” referenciam uma oposição e não uma destituição ou substituição do capitalismo e instauram uma prática que torna possível o “outro”, mediante uma economia popular solidária.
Essas relações de sentido, à luz da AD, permitiram-nosconsiderar que o dizer é polissêmico, pois não encontra um “sentido próprio” do qual “desvia”, observa-se que, resguardadas sempre as condições de produção de um discurso, ele se determina historicamente, de forma que não pode ser “qualquer um”. Nesse caso, a economia determinante na Feicoop é “outra” (não a dominante) e é “solidária” (e não capitalista). As determinações recobrem essa discursividade e, em nossa compreensão, dão força a esse discurso. Elas formulam as oposições. Em um cenário hodierno de fluidez e