Revista Rua


A placa na entrada da cidade: a (re)nomeação dos seus sujeitos
A sign at the entrance of the city: the (re) naming of its citizens

Stella Maris Rodrigues Simões

A renomeação dos sujeitos (morador e visitante) ocorre por um mesmo enunciado, um processo de individuação único que garante a unidade territorial. Produtores e consumidores co-operam em seus interesses, a fim do crescimento e da manutenção da economia – o imaginário capitalista.
No município de São João da Mata (Figura 2), ocorre um processo de individuação distinto. Dois enunciados foram fixados na entrada da cidade: no primeiro - considerando a ordem de leitura ocidental – há a interpelação do indivíduo visitante, o que ainda não pertence ao espaço; no segundo – enunciado da direita -  há a interpelação do indivíduo morador, o cidadão dito pela placa.
 

Figura 2: Placa da entrada da cidade de São João da Boa Vista-MG. Fonte: do Autor
 
O nome da cidade – individuação primeira do sujeito morador – é apresentado não em destaque, mas inserido no enunciado dirigido ao visitante, que simbolicamente se significa pelo imperativo “seja” e pela saudação “bem vindo”. Contudo, a posição de um sujeito que não pertence ao espaço determinado é apagada e logo substituída pela posição do morador. O pronome “nossa”, inserido antes mesmo de que se apresente o território, filia o “estrangeiro” à “nova terra” que também lhe pertence. O que sugere um movimento que indistingue uma posição da outra.
 Pêcheux (1993) afirma que “existem nos mecanismos de qualquer formação social regras de projeção, que estabelecem as relações entre as situações (objetivamente definíveis) e as posições (representações dessas situações).” Sabe-se que entre a situação-visitante e a posição-morador há uma grande lacuna, já que um sujeito recém chegado a um território não é ainda significado por ele.