Revista Rua


A placa na entrada da cidade: a (re)nomeação dos seus sujeitos
A sign at the entrance of the city: the (re) naming of its citizens

Stella Maris Rodrigues Simões

 

Figura 1: Placa da entrada da cidade de Borda da Mata-MG. Fonte: do Autor
 
O enunciado caracterizador “Bordando Horizontes – Tecendo o Futuro”, renomeação que especifica, foi inserido abaixo do nome da cidade, em destaque.  A presença da forma nominal gerúndio faz funcionar a imagem de movimento, de dinamicidade, e circular o sentido cristalizado (histórico e econômico) da cidade, já que Borda da Mata é fração do Circuito das Malhas. Assim, os verbos ligam-se a uma formação discursiva capitalista: as ações de bordar e tecer são constitutivas do sujeito trabalhador, e são sentidos que interpelam o indivíduo cliente.
Porém, ao pensar nos sentidos outros que atravessam o enunciado, percebe-se também a presença de uma formação discursiva filosófica. Os verbos não se filiam somente ao discurso do capital, da venda, do lucro, mas a um discurso motivador, otimista, o que percebemos funcionar em “futuro”, “horizonte”. Não só os produtos desencadeiam crescimento, mas o gesto (empírico) de tecer e bordar impulsiona a cidade, o cidadão. Discurso que suscita a imagem da cidade como a que se compromete socialmente, produzindo no sujeito o efeito de sentido de singularidade.
 Assim, a introdução da placa gera um deslocamento no processo discursivo de nomeação do território, com suas consequências, entre elas, a resignificação de seus sujeitos. A placa, nestas condições de produção, é um objeto simbólico que entra em relação (de sentidos) com os outros objetos simbólicos. Borda da Mata – espaço que circundava a mata – é deslocada para a cidade que produz material e socialmente. O sujeito morador é alvo e produtor da transformação, e o sujeito visitante é instado a participar desse movimento.