Revista Rua


Um Olhar sobre o Câncer de Mama: a Atividade Física e seu Significado para Mulheres Participantes de Grupo de Apoio
A Look at Breast Cancer: A Physical Activity and Its Significance for Participants of Women Support Group

Fernanda de Souza Cardoso, Eliana Lúcia Ferreira

mais a outras questões do que ao exercitar-se, não nos parece que seja necessariamente pelo “físico” que se sintam atraídas a participarem do grupo.
E fortalece essas idéias a própria experiência da pesquisadora pelo tempo que passou com o grupo como professora de dança. O fato de algumas das mulheres-alunas chegarem às aulas, sentarem e assim permanecerem até o fim da aula, ocorrendo em alguns momentos falas como: “hoje eu não vou fazer porque não estou conseguindo, mas posso ficar aqui com minhas colegas e assistir?”. Mesmo que elas não estivessem fazendo a aula, exercitando-se, ainda assim os momentos vividos continuariam a servir o corpo. Embora estes não provoquem adaptações fisiológicas, nem mesmo a perda de calorias, “alimentam”, tocam o corpo, provocando-o para outros sentidos, outras percepções que também vão gerar alegria, prazer, ter significado.
 
Á, melhorou bastante. [Por que você acha que melhorou?]Á Fernanda, porque ô... Que às vezes... Igual eu tô te falando que a gente fica, né? Num faz nada. E cê fica: uma dor aqui hoje, outra dor ali amanhã, então, cê tá lá, cê tá convivendo com todo mundo, ao mesmo tempo cê tá conversando, cê tá rindo, você já tá fazendo os exercícios. Então, só de fazer tudo isso, cê já se sente bem. Você às vezes chega lá com uma dor, quando cê sai já num tá mais sentindo dor. Entendeu [...] (S6).
 
 
Na contraface da dor, da doença, dos receios, outras formas de viver o corpo: o dançar, o alongar-se, o recrear-se, práticas corporais, mais e além disso: as relações humanas, o prazer, os sentidos, a comunicação, as partilhas. Importante esclarecer que não estamos de maneira alguma tentando minimizar os benefícios da atividade física ou dizer que sua prática regular é desprovida de qualquer interferência positiva sobre o corpo. “A literatura também apresenta trabalhos bem conduzidos, que evidenciam sua ação terapêutica benéfica sobre várias patologias ou potenciais comprometimentos do organismo e, por isso mesmo, não é nossa pretensão negá-la” (BAGRICHEVSKY; ESTEVÃO, 2005: 67).
Pensamos que esta pode estar sim, associada à saúde do sujeito, porém, o que pretendemos enunciar é que é importante pensarmos também sobre uma atividade “corporal”, e não somente “física”, e em contrapartida pensarmos o conceito de saúde de forma ampliada: