Revista Rua


Um Olhar sobre o Câncer de Mama: a Atividade Física e seu Significado para Mulheres Participantes de Grupo de Apoio
A Look at Breast Cancer: A Physical Activity and Its Significance for Participants of Women Support Group

Fernanda de Souza Cardoso, Eliana Lúcia Ferreira

papéis adquiridos pelas mulheres mastectomizadas, como forma adaptativa (BARBOSA, XIMENES; PINHEIRO, 2004: 22).
Analisando especificamente o Projeto Vida Presente, enquanto suporte social podemos dizer que percebemos a importância das atividades do grupo na vida dessas mulheres gerando aquisição de novos papéis, por seu próprio esforço, promovendo oportunidades de lazer, aprendizagem, descontração e bem-estar (BARBOSA, XIMENES; PINHEIRO, 2004: 22). Reforçando essa idéia temos Fabbro, Montrone e Santos (2008: 535):
depoimentos das mulheres sobre sua participação no grupo revelaram que espaços como estes devem ser incentivados visto que a partir do diálogo podem ser feitas as interpretações e ampliações das visões de mundo, o interesse e disposição por apoiar o outro, a preocupação com seu entorno e com o das colegas do grupo. Ao compartilharem as experiências, temores, sentimentos e angústias, essas mulheres se fortaleceram.
 
 
E nos discursos das mulheres que ali se inseriram percebemos uma mudança no sentido de que com o diagnóstico do câncer e com uma nova realidade se instalando parece ter ocorrido, para algumas, no primeiro momento uma reclusa, uma redução nas atividades sociais, um receio com relação ao entendimento social da doença. No entanto após a integração no grupo, parece ocorrer não somente um sentimento de aceitação, como também uma ampliação na rede de amigos, a redescoberta da sociabilidade:
 
Pausa. [Mudou alguma coisa depois do Projeto?] Mudou. Eu sempre fui assim, muito calada, muito tímida. Sabe? [...]eu sempre ia numa festa, mas sempre com meu esposo, mas depois do grupo Presente pra mim melhorou muito, fiquei mais... passei a conversar mais, entrosar mais com as pessoas (S2).
 
 
E esse “eu senti que sou gente” (S4), ou o “eu encontrei uma outra família”, de (S6), trazem a tona a idéia de partilha, de aceitação, de pertencimento. Nesses fragmentos a presença marcante primeiramente, de uma “posição-sujeito” e não de uma posição-sujeito-câncer, que também as identifica. E esse “senti que sou gente” ainda nos provoca para a questão da visibilidade social. Para o sujeito, portanto, a possibilidade de um processo de