Revista Rua


Algumas Práticas em Divulgação Científica: A importância de uma linguagem interativa
(Some Practices in the Science Popularization: the Importance of an Interactive Language)

Samuel Rocha de Oliveira

INTRODUÇÃO
 
Vamos pensar em ciência como sendo um conjunto aberto e em constante mutação de conhecimento e cultura que o ser humano tem conseguido acumular, desenvolver, registrar e transmitir para outros ao longo dos milênios. E, para os nossos propósitos nesse ensaio, a divulgação científica tem o papel de comunicar ciência em sentido amplo para um público não especializado no tema ou assunto da divulgação.
Nesse ensaio, vamos discutir algumas práticas de divulgação científica em que a interação entre a ciência e o público-alvo seja valorizada.
Para tanto, vamos mostrar, por oposição, alguns exemplos do que não consideramos serem boas estratégias de divulgação científica, na medida em que o público alvo é apenas espectador ou leitor passivo. Em seguida alguns exemplos bem- sucedidos e concluímos com uma prática na própria palestra do Fórum que gerou este ensaio.
Aqui defendemos o esforço de fazer divulgação científica com algum tipo de interação. É importante lembrar, por exemplo, que o esforço de dar noções científicas aos britânicos em geral, através de décadas de diversas iniciativas não foi bem-sucedido (MILLER, 2001). Uma das razões, nós argumentamos aqui, é que não havia nem a tradição nem as ferramentas necessárias para que os divulgadores interagissem com os leigos.
Assim, a preocupação com a linguagem na divulgação científica deve transcender a articulação, a retórica ou facilitação dos conceitos científicos.

PUBLICAR E PERECER
 
A geração de conhecimento na academia produz suas publicações nos meios apropriados com sistemas próprios de avaliação e valorização. Não por acaso, a linguagem usada nestas publicações não faz o papel de divulgação científica que tratamos neste ensaio.
Em um segmento de vídeo o comediante Carrey comunica algumas observações ao apresentador Conan, que por sua vez recita outros resultados de um artigo científico de física (LAPIDUS et al., 1999). Este exemplo exagerado serve apenas para reforçar o nosso argumento de que a linguagem da divulgação científica deve ser apropriada ao