Revista Rua


A ambiência, trilhando caminho - em direção a uma perspectiva internacional

Jean-Paul Thibaud

            O campo das ambiências arquiteturais e urbanas não cessa de desenvolver-se na França há mais de uma quinzena de anos. Longe de estar fechado em si mesmo, totalmente definido e delimitado, ele está pelo contrário atravessado por numerosas abordagens e múltiplas contribuições que o enriquecem. Mas em que direções tal campo de pesquisa se orienta atualmente e o que podemos esperar dele? Evidentemente, não se trata aqui de antecipar as problemáticas e resultados dos trabalhos por vir, mas de apontar uma virada que está se operando no domínio das ambiências. Digamo-lo à guisa de introdução: a pesquisa em matéria de ambiências arquiteturais e urbanas orienta-se cada vez mais para uma perspectiva internacional. Tal proposição não significa que os intercâmbios e colaborações com equipes estrangeiras fossem até então inexistentes. Muito pelo contrário, sua intensificação progressiva conduz agora a organizar e desdobrar esse campo de pesquisa numa escala maior.
 
A ambiência em vias de constituir-se
            Para termos uma medida dessa virada, delineemos a grandes traços os caminhos que levam à noção de ambiência e os movimentos que acompanham sua evolução. Dois gestos complementares podem ser brevemente esboçados.
            O primeiro gesto - o da determinação - consiste em esclarecer e explicitar a noção de ambiência. Sua abordagem se torna mais complexa ao longo do tempo e dá lugar a um certo número de reformulações. Assim, à visão clássica do domínio das ambiências que caracterizam um ambiente construído do ponto de vista puramente físico substitui-se uma concepção mais interdisciplinar, restituindo direito de cidade à percepção sensível e à experiência estética. As ciências humanas e sociais encontram seu lugar e articulam-se então às ciências para a concepção do espaço (arquitetura e urbanismo) e à engenharia. Dito rapidamente, a ambiência apresenta-se como um espaço-tempo qualificado do ponto de vista sensível. Mais qualitativo e aberto, este novo modelo de inteligibilidade da noção de ambiência é precisado progressivamente através do desenvolvimento de suas próprias categorias de análise (efeitos sonoros, objetos ambientes, configurações sensíveis...), métodos de pesquisa in situ (percursos comentados, observação recorrente, reativação sonora, etnografia sensível...) e instrumentos de modelização (modelização declarativa, modelos morfodinâmicos, simulação inversa...).