Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

As condições de emprego demonstram uma relativa segurança dos trabalhadores regulares, em uma região com economia bastante dinâmica, em um período de crescimento econômico, mas do ponto de vista do capital social o ativo trabalho precisa proporcionar um conjunto de redes de relações que permitam melhora nas condições de emprego e renda (laços fracos), o que se distingue dos laços de solidariedade mais comuns, representados pela importância dos laços familiares (laços fortes), que segundo Granovetter (1973), geralmente, não garantem a ativação das redes geradoras de benefícios do capital social no trabalho.
Podemos acrescentar a esta perspectiva a diferença de condição entre os mais e os menos vulneráveis apresentados nos dados no seu contato com a violência, sua participação em associações e sua mobilidade, destacando uma característica importante do capital social relacionado à herança do nome (BOURDIEU, 1986). O que queremos indicar em relação à distinção dos laços fortes e fracos é que, mesmo considerando os menos vulneráveis mais autônomos em relação às estratégias de reprodução, seus vínculos familiares e de trabalho possibilitam uma série de relações distintas (clubes, festas, relação com pessoas em melhores posições de emprego, autoridades...) que geram um capital importante na sua relação com o trabalho.
Trabalhar mais horas, em relação aos mais vulneráveis, pode significar a necessidade de complementação de renda em empregos menos estáveis e com menos benefícios de salário (lembrar das diferenças de remuneração e dos convênios de saúde), enquanto trabalhar mais horas, para ao menos vulneráveis, pode significar empregos com cargo de responsabilidade (sem jornada definida) ou funções mais autônomas. O que também tem uma relação significativa com o capital cultural.
Outra variável interessante para observar as fontes do capital social, relacionadas ao trabalho é a sua condição frente à idade. Considerando a importante vinculação que o trabalho tem na função educacional das famílias, tanto no aspecto das estratégias de melhoria de remuneração, como na referência simbólica da socialização pelo trabalho e na construção da identidade da criança, participar do mercado de trabalho em idades diferentes revela condições de posição.
Na análise do capital cultural temos um modelo de papel atribuído às mães, na sua função educacional, operado como tipo ideal que, por um lado, reproduz o arranjo familiar nuclear tradicional, que assume, na sua condição simbólica, o papel idealizado pelas campanhas educativas pelo sucesso escolar, em que não podemos distinguir se este papel estrutura a condição (idealizada) ou se é estruturado por ela, já que, tanto a escola, a comunicação de massa e como algumas pesquisas indicam ser este o comportamento mais eficaz.