Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

Capital Social
Para Portes (1998) “uma revisão da literatura faz com que seja possível distinguir três funções básicas do capital social, aplicável numa série de contextos: (a) como fonte de controle social, (b) como fonte de apoio familiar; (c) como uma fonte de benefícios através de redes extra familiares. ”
Os ativos que vamos destacar, a partir das variáveis disponíveis na pesquisa domiciliar, podem, por vezes, ser identificados com as observações empíricas de Coleman (1988), mas serão direcionadas sob a perspectiva de Bourdieu, o que significa “a participação em um grupo, que dispõe cada um dos seus membros com o apoio do capital de propriedade da coletividade, uma "credencial" que lhes dá direito ao crédito, nos diferentes sentidos da palavra” (BOURDIEU, 1986, p. 51) e produz a partir das interações em redes, importantes ativos que podem ser convertidos em benefícios para seus detentores. Estas relações podem ser operadas entre pessoas e instituições e são mediadas pelo espaço social.
A percepção de violência (perigo) constitui sério impedimento na formação de alguns ativos de capital social e gera fortes estigmas de lugar, assim como desigualdades escolares, por exemplo, conforme a relação entre resultados de desempenho e violência, medida por taxa de homicídios, em Ribeiro e Koslinski (2010), para a análise da região metropolitana do Rio de Janeiro.
Nas áreas mais vulneráveis (ZV 1 e ZV 2) a percepção da violência como um perigo do bairro, está presente em 70%, dos respondentes e nas áreas menos vulneráveis ZV 3 e ZV 4) em 60% dos respondentes. Porém, quando esta violência é caracterizada por tipos de crime, a condição de pertencimento a determinada zona de vulnerabilidade fica bastante demarcada. Nas ZV 3 e 4, a percepção de perigo com a violência está relacionada com assaltos, roubos e furtos para mais de 80,1% dos respondentes destas zonas de vulnerabilidade e tráfico de drogas para 14,5%; enquanto na ZV 1 existe a maior preocupação (34%) com o tráfico de drogas, seguido pelas opções apontadas: roubos e furtos (26,9%), assaltos (26,3%). A ZV 1 é, praticamente, a única zona de vulnerabilidade no qual foi citada a opção homicídios, por 4,4% dos respondentes.
Aqui a violência é entendida como atos de criminalidade (assalto, roubo, homicídios...), geralmente a forma como as pessoas se reportam ao problema. Mas existe a violência embutida em todas as formas de desigualdade que apresentamos nos dados da pesquisa e que fica oculta na percepção de quem a vivencia.