Revista Rua


O que quer, o que pode um discurso? O que quer, o que pode esta foto?
What a discourse want, what it can do? What this photography want, what it can do?

Viviane Teresinha Biacchi Brust e Verli Petri

que seus dizeres não são meras mensagens a serem decodificadas; são, outrossim, efeitos de sentido produzidos em condições determinadas e que estão de alguma forma presentes no modo como se diz, deixando vestígios que o analista de discurso tem de apreender. Para isso, é preciso relacionar o dizer com sua exterioridade, as suas condições de produção, que pressupõem os sujeitos e as situações (ORLANDI, 2009).
Conforme Orlandi (Ibid.), o que se tem discutido hoje, ao se falar em diferentes materialidades significantes, é o espaço contraditório do desdobramento das discursividades, o qual tem a língua como real específico. Se não tivermos a língua como referência, não estaremos fazendo Análise de Discurso, e sim Semiologia ou Semiótica. Assim, segundo a autora, o ponto teórico de relevância está em que há textualização do discurso em diferentes sistemas significantes, os quais mostram suas especificidades e abrem-se para que sejam exploradas em profundidade suas consequências, inclusive teóricas. Portanto, para Orlandi (Ibid.), pode-se dizer, tendo como base os princípios de análise e de acesso ao objeto, tal como havia colocado Pêcheux, que, quando se trabalha com a materialidade discursiva da imagem ou da pintura, ou ainda de outras, não se abandona a relação com a língua. “É preciso compreender, para qualquer caso, a natureza da relação entre as diferentes formas materiais e a concepção de língua como colocada mais acima” (ORLANDI, 2009, p. 47). De qualquer forma, já entrando em questões metodológicas de como fazer para se trabalhar com objetos de outra materialidade significante, afirma a autora que a primeira exigência para se trabalhar com a materialidade discursiva é dar o primado ao gesto de descrição delas, o próprio da língua enquanto ordem simbólica. Petri (no prelo), nesses termos, pontua que:
 
Trabalhamos, então, da perspectiva de quem “lê” diferentes materialidades, sendo que essa leitura é algo em movimento e, pela mobilização das noções teórico-analíticas sobre um corpus, é algo que pode explicitar como se dão os processos de produção dos sentidos, viabilizando o que Orlandi designa como “compreensão”, saindo do senso comum e adentrando a especificidade dos discursos analisados. [grifos da autora]
 
Com base na reflexão de Petri (Ibid.) sobre a metáfora do movimento pendular, formulada para tratar daquilo que fundamenta a metodologia da Análise de Discurso, começamos a apreender que é preciso um movimento permanente entre a teoria e a análise, pela necessidade, muitas vezes, que advém do próprio corpus que recortamos. Mas é preciso destacar ainda outra questão com que trabalha Orlandi (2012): uma coisa