Política de línguas, circulação de jornais e integração em cidades-gêmeas da fronteira.


resumo resumo

Andréa F. Weber



No quadro anterior, as cidades internacionais que fazem parte da área de abrangência de jornais brasileiros estão marcadas em negrito. Dos 17 jornais estudados, cinco circulam para além da divisória internacional, seja na cidade-gêmea correspondente ou em outras próximas a ela. Assim, os jornais Manchete Regional de Aceguá, A Plateia de Santana do Livramento e Folha de Quaraí de Quaraí, todos na fronteira com o Uruguai, circulam apenas na sua cidade gêmea internacional, que é, respectivamente, Acegua, Rivera e Artigas. Já o Folha Barrense de Barra do Quaraí, circula nas duas cidades-gêmeas com que esta faz divisa, Monte Caseros (AR) e Bella Unión (UY), mas também na vizinha Paso de los Libres (AR) com quem não é geminada. O mesmo ocorre com o Jornal da Fronteira de Barracão (BR), que circula na cidade geminada de Bernardo de Irigoyen (AR), mas também na vizinha e não gêmea San Antonio (AR).

Desconsiderando os jornais de Foz do Iguaçu, Porto Murtinho, Guaíra e Mundo Novo, que não explicitam sua área de circulação, podemos afirmar que a maioria dos jornais fronteiriços platinos não inclui a cidade-gêmea ou outra do país vizinho em sua cobertura, restringindo o local ao lado brasileiro da fronteira e criando, portanto, um sentimento de comunidade que é ligado ao nacional e não ao transfronteiriço. Esse é um dado interessante, uma vez que, em todos os pontos da fronteira platina, encontramos uma situação de predomínio e projeção da identidade cultural brasileira, segundo consta na Proposta de Reestruturação do Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira (BRASIL, 2005). Isso significa que, potencialmente, os jornais do Brasil teriam condições favoráveis para se tornarem transfronteiriço, já que encontrariam do outro lado uma área já acostumada com produtos culturais brasileiros, um público que já teve contatos anteriores com a cultura brasileira e com língua portuguesa.

Sobre os jornais que circulam do outro lado da linha divisória, identificamos que eles se localizam na fronteira com o Uruguai e com a Argentina, não havendo nenhum com esse perfil nos limites com o Paraguai. Mais do que isso, vemos que essa prática é mais frequente entre os jornais brasileiros da divisa com o Uruguai.

Além disso, dessas cinco cidades-gêmeas em que há jornais transfronteiriços, três se organizam como fronteiras terrestres, Aceguá /Acegua (BR/UY), Santana do Livramento/ Rivera (BR/UY) e Barracão/Bernardo Irigoyen (BR/AR) e duas como fronteiras fluviais com ponte, Quaraí/Artigas (BR/UY) e a tríplice fronteira Bela União/Monte Caseros/Bella Unión (BR/AR/UY). Nenhuma localidade ligada por balsas tem jornais circulando para além da linha divisória. Também é interessante observar que