Política de línguas, circulação de jornais e integração em cidades-gêmeas da fronteira.


resumo resumo

Andréa F. Weber



Buscamos interpretar esses dados a partir de trabalhos sobre mídia e jornalismo locais, entre os quais se incluem os de Dornelles (2005) e Peruzzo (2003), bem como de estudos relacionados à Política de Línguas, entre eles, os de Guimarães (2003, 2005), Orlandi (2002), Mariani (2008), Sturza (2005, 2006) e Zoppi-Fontana (2009). Acreditamos que o estudo possa contribuir para o conhecimento sobre a política de línguas na fronteira, o jornalismo fronteiriço e as possibilidades de integração que eles conformam. A fronteira, afinal, não está somente nos limites naturais, nos marcos e nas aduanas, se constrói também nas vivências cotidianas, no nível do simbólico, como o da circulação dos jornais e das línguas nesse espaço limítrofe. E esse limite simbólico, é importante mencionar, é uma fronteira mais difícil de cruzar do que aquela dos limites físicos.

Assim, este artigo está dividido em dois tópicos. O primeiro busca entender os jornais fronteiriços como jornais locais e avaliar seu papel na criação de um sentimento comunitário transfronteiriço, bem como apresenta os resultados sobre a circulação de jornais nas cidades geminadas da fronteira de Brasil (BR) com Uruguai (UY), Argentina (AR) e Paraguai (PY), relacionando-a à integração local. O segundo tópico interpreta a questão das línguas dos jornais a partir do conceito de Política de Línguas, em contraposição ao de Política Linguística, entendendo a fronteira como um espaço de enunciação e de distribuição política para cada uma delas. Apresenta dados sobre as línguas usadas pelos jornais fronteiriços e estabelece relações com sua área de abrangência, interpretando-os a partir dessa perspectiva. Por fim, as considerações finais apontam para as mudanças desse panorama e para a necessidade de estudos diacrônicos sobre jornais e línguas de fronteira.

 

A circulação de jornais nas cidades-gêmeas da fronteira.

Entendemos que a integração transfronteiriça, aquela assentada no local (Machado, 2009), ocorre, dentre diversos outros modos, por meio da intervenção no espaço público feita pela imprensa de fronteira. E essa intervenção se dá não apenas pela difusão noticiosa de um discurso positivo ou negativo sobre o “outro lado”, sobre o nacional ou sobre a integração regional. Por suas particularidades, a imprensa fronteiriça atua na integração das comunidades locais ao delimitar essa comunidade no próprio ato de delimitar sua audiência. Nos termos de Anderson (2008), a imprensa fronteiriça ajudaria a criar uma comunidade imaginada local, ao incluir ou excluir o país adjacente do alcance de suas notícias. Em nosso entendimento, os jornais são, ao