A MPB no regime militar: silenciamento, resistência e produção de sentidos


resumo resumo

Olimpia Maluf-Souza
Fernanda Surubi Fernandes
Ana Cláudia de Moraes Salles



os discursos e os sentidos provenientes destes, fazendo com que “[...] qualquer matéria significante explod[isse] os limites do sentido” (ORLANDI, 2007, p.123).

Esse período de opressão inicia-se com o golpe dos militares que, juntamente com a elite empresarial operaram, a todo o custo, para a restrição dos poderes de João Goulart, que assumiu a presidência do país após a renúncia de Jânio Quadros. Esse processo, iniciado por parte das Forças Armadas, desenvolveu-se em razão de considerarem a administração de ‘Jango’ arriscada para a política e para a economia do Brasil, pois poderia ser mergulhada nos ideais comunistas, aos quais as classes conservadoras e, essencialmente, capitalistas desejavam distância (BARROS, 2007). Essa situação dicotômica foi intensificada pela Guerra Fria, marcada pela disputa entre USA e URSS, em que ambas, sendo a primeira capitalista e a segunda socialista, tentavam reequilibrar a economia mundial pós Segunda Guerra com seus modos de administração adversos. Essa disputa tomou proporção mundial fazendo com que as nações filiassem-se à uma dessas formas administrativas. O Brasil, no início dos anos 60, demonstrava esse embate internamente com uma batalha entre capitalismo e um possível socialismo.

Durante os anos como presidente, João Goulart, em 1963 – quando o sistema presidencialista voltou a vigorar depois do parlamento instituído logo no início de sua posse – defendeu uma proposta denominada Reformas de Base que promoveriam uma reconfiguração na distribuição rentária. Tais ideias foram apoiadas por organizações como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) e as Ligas Camponesas, ou seja, a classe baixa, trabalhadora e acadêmica do país, que viam nessas reformas indícios de melhora para a política e a economia do Brasil. Entretanto, pouco tempo depois da exposição dessas propostas, os militares, juntamente com o governo estadunidense, tomam o poder; “Jango” se vê obrigado a sair de cena e, assim, iniciam-se os “Anos de Chumbo”. Nesse período, “[...] é fácil verificar a sucessividade de ações de forças destinadas a destruir franquias democráticas e a deter o avanço das forças populares em nosso país” (SODRÉ, 1984, p. 107).

Esse golpe político foi denominado pelos militares e adesistas como A Revolução de 31 de Março, pois, segundo eles, foi o primeiro passo do Brasil rumo a uma transformação político-social que repelia definitivamente o comunismo divisionista e derrotista,[1] que punha em risco a integridade do país. A palavra revolução, empregada



[1] Retirado do discurso de Castelo Branco, primeiro presidente do Brasil após o golpe militar, proferido em 08/05/1964. In: Indursky, A fala dos quartéis e outras vozes, 1997.