Política de línguas, circulação de jornais e integração em cidades-gêmeas da fronteira.


resumo resumo

Andréa F. Weber



Considerações finais.

O panorama sobre a circulação dos jornais fronteiriços, bem como sobre sua diversidade linguística, apresentado neste artigo não pretende ser, sob nenhum aspecto, definitivo. Como podemos perceber pela leitura do Quadro 1, os jornais cuja circulação foi estudada têm datas de publicação que variam de 2010 a 2014. Desde o início da coleta de dados até os dias de hoje, muitas mudanças podem ter acontecido na vida desses periódicos, desde a alteração da sua área de circulação (de modo que aqueles que antes eram transfronteiriços podem agora não ser e vice-versa) até o seu fechamento. Ambas as possibilidades são fortalecidas pelo fato de que, em sua maioria, trata-se de jornais jovens e de pequeno porte, enfrentando as dificuldades características do mercado em cidades pouco desenvolvidas economicamente. Dos jornais estudados, o mais antigo é de 1938; depois temos quatro fundados na década de 1970; um na década de 1980; quatro nos anos 1990 e, o maior número deles, sete, nos anos 2000.

Do mesmo modo, o panorama sobre a presença das línguas nesses jornais também pode ter sofrido modificações. Jornais monolíngues podem ter se convertido em bilíngues e vice-versa ou, quem sabe, ter incorporado línguas antes ausentes de suas páginas. Acompanhando a história de um desses jornais, o A Plateia, da cidade de Santana do Livramento (BR), limítrofe com Rivera (UY), percebemos que o jornal, em seus 77 anos de existência, já modificou algumas vezes o uso de línguas em sua publicação, tanto em termos de quais línguas adotava junto com o português (árabe, espanhol) quanto em termos de modo de apresentação dessas línguas (totalmente monolíngue, o mesmo texto em duas línguas, diferentes línguas para diferentes textos etc.).

Também, hoje, ações educacionais apoiadas pelo Mercosul têm buscado fomentar relações positivas entre as áreas de fronteira do bloco, em outras palavras, procurado promover a integração transfronteiriça. Muitas dessas ações têm como local de atuação, justamente, as cidades-gêmeas da fronteira. São exemplos as Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira, que abrangem várias cidades geminadas da região platina; as Escolas Técnicas Binacionais, situadas em Santana do Livramento (BR) e Rivera (UY), e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), sediada em Foz do Iguaçu (BR). Essas práticas de aproximação entre os estudantes e docentes das cidades-gêmeas (nos dois primeiros casos) e da América Latina (no segundo caso) estão modificando as relações fronteiriças e, possivelmente, em um futuro próximo, afetarão seus modos e grau de integração. Sendo assim, o