Política de línguas, circulação de jornais e integração em cidades-gêmeas da fronteira.


resumo resumo

Andréa F. Weber



 

Introdução.

Este artigo busca interpretar os sentidos políticos inscritos no uso das línguas por jornais fronteiriços, associando-as à sua circulação nas cidades geminadas da fronteira platina e à ideia de integração transfronteiriça. Cidades-gêmeas são definidas pelo Ministério da Integração Nacional brasileiro como localidades fronteiriças vinculadas, cidades contíguas, adensamentos populacionais cortados pela linha divisória internacional (BRASIL, 2005). Na fronteira platina, aqui operacionalizada como os limites de Brasil com Paraguai, Argentina e Uruguai, encontramos 20 cidades nessas condições, algumas articuladas por fronteiras terrestres (dez), outras por pontes (sete) e outras por balsas (três)[1].

As cidades-gêmeas da fronteira são aquelas que apresentam maior nível de integração entre si e são conectores estratégicos da integração no Mercosul (BRASIL, 2005). Quando tratamos de fronteira, o conceito de integração, porém, assume diferentes nuances. Machado (2009) explica que enquanto a integração regional/ cooperação binacional são aquelas acordadas entre os governos centrais de cada país, a integração transfronteiriça se dá em nível local, de modo formal, institucionalizado e/ou informal. Na integração transfronteiriça, pesa, portanto, o cotidiano de relações entre os habitantes das cidades de fronteira e destes com aqueles que se deslocam por ela com frequência.

Nas cidades geminadas da fronteira platina, o modo como estão articuladas tem impacto sobre as relações locais, ao dificultarem ou facilitarem a travessia para o outro lado, tanto de produtos quanto de pessoas (incluindo os jornais e suas línguas). No entanto, nesses pontos fronteiriços, nem sempre a presença de um conector, como a ponte, resulta em maior integração, como já mostrou Grimson (2000; 2002), em seus estudos sobre a ponte Encarnación/Posadas (Paraguai/Argentina). Em cidades de maior tráfego internacional, a presença de postos de controle e de fiscalização também pode inibir a integração transfronteiriça. E isso afeta, inclusive, os contatos linguísticos, segundo o relato de um professor do programa Escolas Bilíngues de Fronteira, trazido por Bein (2012, p. 110):

 

 

 

 



[1] Conforme do Mapa elaborado pelo Grupo Retis/UFRJ (online). Disponível em:www.retis.igeo.ufrj.br/. Acesso em: março de 2014