“FORA HAOLE” e “NO BIKE”: notas etnográficas de uma pista pública de Skate no ano de 2020


resumo resumo

Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro
Jeferson Roberto Rojo
Erik Giuseppe Pereira



De Skate eu vim, de Skate eu vou. É desse jeito que eu sou

É o que tenho, é o que sei,

 é o que quero, é o que faço

(Charlie Brown Jr. De Skate eu vim)

 

1. Introdução

Cidades são os melhores exemplos de nossa complexa humanidade. Unir estudos sobre a cidade e a etnografia tem sido objeto de reflexão sobre como nossa sociedade se reconhece, planeja e circula através dos diferentes equipamentos públicos (MAGNANI, 2002). Ainda, pesquisas etnográficas são um profícuo campo de pesquisa na área do esporte e cultura, na medida em que mostram o invisível, o comumente marcado como o normal, o aceito e o reforçado socialmente (PACHECO; SILVEIRA; STIGGER, 2020).

Ambientes públicos de lazer são locais privilegiados de estudos etnográficos na medida que permitem a circulação de diferentes grupos sociais a qualquer hora do dia, mas que, contraditoriamente, acabam por fomentar a adesão de grupos específicos, próximos em comportamento e vestuário, por exemplo: hábitos, gestos e vocabulários, se naturalizam entre esses grupos, formando um coletivo social específico da vida urbana. Nela, a reificação se dá através do papel social aprendido e desempenhado neste aparente caótico ambiente, e por onde circulam praticantes de uma determinada atividade, ou seja, uma subcultura jovem, demarcada em um local e em um tempo (SOARES, 2009).

Questões etnográficas estão atreladas ao convívio diário com o espaço da investigação, em que os pesquisados nos fornecem elementos para estudos e reflexão. Há de se estar atento para registrar o conhecimento que é produzido de forma espontânea pelos sujeitos ali inseridos. É no estranhamento do olhar e da escuta que se consegue desdobrar o cotidiano do observado em um texto para a organização dos pensamentos e inferências que surgem com esses sentidos. O texto é registrado em um diário de campo que se serve de apontamentos para as análises que surgem nos momentos em que as ações acontecem – ou logo depois delas – são fruto do senso questionador do etnógrafo (PACHECO; SILVEIRA; STIGGER, 2020).

Em nosso caso, nos deteremos no esporte de prancha Skate em uma área pública da cidade de Niterói que faz parte da Grande Rio de Janeiro. Como nossa pesquisa se ateve às visitas dessa pista, nos pautamos na modalidade do street Skate, onde os praticantes realizam manobras em rampas, escadas, corrimãos – espaços construídos a facilitar a realização desses movimentos em um ambiente exclusivo para isso (BITENCOURT; AMORIM, 2005).

Diante desse contexto, o objetivo dessa pesquisa é compreender os mecanismos de socialização de praticantes de Skate na pista pública da cidade de Niterói-RJ. Ao fazermos isso, queremos contribuir com a área dos estudos que tratam o cotidiano de lazer das grandes cidades e do seu processo de urbanização. Levando em considerações as limitações do estudo, nossa investigação, se apoia em traços utilizados nas pesquisas etnográficas e apoia nas análises sobre o cotidiano dessas áreas públicas, e como os moradores se apropriam desses ambientes (STIGGER, 2002, DAMO, 2003, RIGO, 2004 e OLIVEIRA e DAOLIO, 2007).

Para nos orientar no trabalho teórico-metodológico, foi necessária partir das seguintes perguntas: como se dá o processo de circulação dos skatistas nessa pista pública? Quais são as estratégias dos praticantes na apropriação dos espaços? Como se organizam os praticantes para que os espaços sejam utilizados?

 

2. Situando o Skate nos estudos acadêmicos

Ao refletir sobre a história do Skate no Brasil, Brandão (2010) identifica que, ao longo do tempo, a marginalização dessa prática urbana foi aos poucos sendo incorporada no cotidiano das grandes cidades brasileiras, pelos grupos etários mais jovens de nossa sociedade. Nesse sentido, escrever sobre essa prática é compreender uma cultura esportiva voltada aos esportes radicais, ou seja, atividades corporais não convencionais, como por exemplo, o investimento na estetização dos movimentos e na necessidade da prática em locais específicos, como acontece com o Surf e a Asa Delta (POCIELLO, 1995).

Estudos sobre o tema têm sido realizados para compreender essa prática junto aos grupos majoritariamente jovens, que ao ocuparem seus tempos livres, se apropriam de áreas públicas em diferentes cidades brasileiras e onde o Skate é mais uma forma de expressão cultural identificada com grupos de faixa etária jovem que se utilizam dos ambientes públicos para praticarem suas habilidades, ouvirem músicas e compartilharem experiências sobre as manobras em cima das pranchas, tendo o Skate como ponto em comum (OLIVEIRA; PIMENTEL, 2015; NEVES et al. 2008; BITENCOURT; AMORIM, 2005; CÁSSARO, 2005; UVINHA, 2001).

Nesse cenário urbano, os grupos se reúnem e a necessidade de continuarem realizando suas manobras sobre o Skate torna frequentes certas práticas em detrimentos de outras. Exemplo são as roupas, os equipamentos, e as escolhas das manobras que são mais comuns entre os usuários dessa pista. O habitus desses praticantes vai lhes aproximando, trazendo um perfil mais nítido sobre quem frequenta esse espaço (BRANDÃO, 2007; COSTA, 2004).

Os movimentos sociais das décadas de 1960 e 1970 e o surgimento de novos equipamentos esportivos para a prática individual em ambientes ao ar livre foram fatores que possibilitaram o interesse de grupos jovens em prática como o Skate. Somando a isso uma cultura de desfrute, prazer, com características hedonistas que valorizam esses tipos de práticas (VIGARELLO, 2008).

Assim, diferentes dos esportes tradicionais, práticas como o Skate foram ganhando destaque para o público interessado em associar suas ideias e gostos à rebeldia, ao diferente e que, aos poucos, foi ganhando uma narrativa de marginalização (BRANDÃO, 2010). Narrativa que se torna interessante do ponto de vista mercadológico, na medida em que oferecem um aparato próprio, e cujo equipamentos e acessórios específicos – e caros – estão disponíveis para a melhor prática do Skate.

Fazer parte de uma turma de praticantes de Skate é dividir e reforçar gostos, ídolos, desafios e conquistas em suas manobras. Noções de pertencimento em uma fase da vida em que o mundo está sendo interpretado e questionado constantemente, e onde o estilo de vida está sob experimentação e a identidade pessoal passa também pela aceitação de um determinado grupo, as habilidades praticadas com o Skate, tais como o vocabulário e o comportamento são uma das várias experiências de vida (UVINHA, 2009).

O grupo, de maioria jovem, se arrisca a diversas quedas e consequentes lesões. A adrenalina que é obtida através das manobras mais complexas é uma forma de expressão, o espaço público passa por uma ressignificação, em que prioritariamente o Skate – mas não só esse – é o equipamento mais utilizado por grupo que a qualquer hora do dia e da noite ocupa escadas, corrimãos e rampas para a conquista simbólica desse ambiente (LAURO, 2010). Os skatistas imprimem velocidade e aprendem a superar obstáculos de ambientes públicos construídos. Pistas específicas tiram os skatistas das ruas, e os levam para ambientes mais seguros, tornando, assim, interações sociais mais regulares e tendendo a fortalecer o sentimento de pertencimento, como uma forma de estilo, movimento e cultura jovem, radical e espontânea (FELICIANO, 2020).

 

3. A pista pública de Skate: turistas da própria cidade

A pista pública de Skate escolhida como campo de observação e objeto de estudo se localiza no bairro de São Francisco, cidade de Niterói, estado do Rio de Janeiro. A cidade é vizinha ao município do Rio de Janeiro, e segundo dados do IBGE possui o território de 133, 757 km2 e um índice de desenvolvimento humano em 0,837 que a coloca como a melhor cidade do estado nesse critério1. São Francisco está localizado na Zona Sul da cidade, e tem como um dos atrativos de lazer a praia e seu calçadão (com cerca de 750 metros de extensão), onde os moradores da cidade circulam para a prática de atividade física ao ar livre. A pista de Skate tem o nome de “Skatepark Carlos Alberto Parizzi” e foi inaugurada em 25 de janeiro de 2015. Desde então, se tornou uma área de incentivo na cidade apropriada para quem quer praticar Skate de forma gratuita.

  

Foto 1: Bairro de São Francisco visto de cima (Fonte: Google Image)

 

O site oficial da Secretaria de Turismo de Niterói define assim os atrativos da pista:

Adrenalina, equilíbrio, coordenação, radicalidade e uma vista deslumbrante da orla de São Francisco e parte da Baía de Guanabara, o Skate Park que ocupa uma área de cerca de 2.500 metros quadrados é o point dos skatistas da Cidade, devido à qualidade das pistas cujos níveis são todos interligados que inclui equipamentos como Skate plaza (espécie de praça com uma série de obstáculos), bowl (piscina seca), funbox (rampa), além de escadas e várias transições para manobras radicais (NELTUR, sp).

 

São Francisco concentra parte da população abastada do município, e é vizinha de dois bairros também importantes do ponto de vista econômico, Icaraí e Charitas. Há ainda a comunidade do Morro do Cavalão, comunidade que margeia os bairros de Icaraí e São Francisco, e, portanto, está próxima também da pista. O fato de o poder público municipal ter escolhido essa região para construir e manter a pista de Skate também precisa ser relevado, na medida que o investimento público precisa atender a todos, mas estando localizada em uma região identificada como pertencente à classe mais abastada, podemos inferir que os seus frequentadores tendem a ser majoritariamente pertencentes a esse grupo social. Localização é fator decisivo quando o assunto é o lazer da população no Brasil (SANTOS; AMARAL, 2010).

A pista também está em uma área de grande visibilidade urbana, porque está a poucos metros do túnel que liga os dois bairros, bem como se aproxima da pista que vai em direção aos bairros conhecidos como região oceânica da cidade.

Como equipamento público da cidade, a pista recebe os cuidados de limpeza, segurança e iluminação dos agentes públicos dessa municipalidade, e é possível verificar a presença de guardas municipais – em torno de três durante o horário de utilização. Não identificamos refletores queimados, nem mesmo sujeira, ou algo que pudesse ser sinalizado como ambiente abandonado. Dessa monta, constatamos que a pista ainda é objeto de atenção das autoridades públicas, caso contrário, dados os já 5 anos de uso, os sinais de vandalismo, por exemplo, poderiam ser observados.

Podemos considerar que políticas públicas estão sendo direcionadas ao ambiente analisado. De acordo com pesquisadores das políticas do esporte e lazer, os espaços urbanos estão sujeitos a diversos usos, dentre eles o lazer. Assim, locais específicos que são construídos pelo poder público para a prática do Skate dependem, em certa medida, das políticas públicas urbanas setoriais (STAREPRAVO; SOUZA; MARCHI JUNIOR, 2011).

As políticas públicas para o esporte passam por questões relacionadas ao desenvolvimento humano, onde o Estado precisa se comprometer a implementá-la (STAREPRAVO; SOUZA; MARCHI JUNIOR, 2011). No âmbito municipal, os gestores públicos dessa esfera de poder tendem estar mais próximos de questões de cotidiano dos moradores, entre elas a implementação de áreas de lazer. Em uma cidade como Niterói, uma pista de Skate pode ter um potencial de atrair para esse ambiente diversos moradores de distintas classes sociais, tais como elencamos acima.

Enquanto ação pública, é importante considerar a localização escolhida pelos gestores para inserir o equipamento dentro da disposição da cidade. A pista faz fronteira com um estacionamento advindo de um clube privado, localizado à direita de quem chega e, ao fundo da pista há o mar da Baia da Guanabara, próximo à praia de São Francisco. À esquerda, o calçadão da mesma praia, e ao fundo, na entrada, um recuo de pista para embarque e desembarque de passageiros, e onde é proibido estacionar. Uma parte do muro, objeto de atenção para quem chega, foi pintado pela artista plástica italiana Martina Merlini em 20192.

Abaixo a foto com uma visão geral da pista:

Foto 2: visão geral da pista, foto tirada da ponta esquerda (Fonte: acervo pessoal)

 

Para a autoria desse texto, a pista só começou de fato a existir – do ponto de vista da memória, da ideia de visitação e utilização, depois que seus filhos passaram a frequentá-la, especificamente a partir do mês de setembro de 2020. As observações e análises realizadas neste estudo se limitaram ao período de 30 dias, entre setembro e outubro do citado ano durante os períodos matutino, vespertino e noturno, com uma média de 90 minutos por visita. O procedimento metodológico foi a observação sistemática com o caderno de campo e um celular smartphone – que possibilitou tirar várias fotos do ambiente. Foram observados os skatistas, os transeuntes que mesmo sem Skate se sentavam para assistir as manobras – como parentes dos praticantes mais jovens. Dois pesquisadores se alternavam na visita à pista e procuravam estabelecer critérios de observação. O horário de visitação, a presença de mais ou menos pessoas na pista, acidentes, cenas de conflitos foram pontos a serem considerados. O que saltava aos olhos do diferente, inusitado, procurando organizar o caos de ideias que se estabelecia após as visitas eram discutidos e os primeiros rascunhos tomaram forma.

Os estudos etnográficos das práticas esportivas não tradicionais tais como o Skate, se aproximam do objeto de estudo a partir do convívio com os praticantes, analisando-os e contribuindo para compreender uma cultura jovem que por vezes é marginalizada, pouco compreendida e que se estabelece a partir de estereótipos, tais como as vestimentas, gírias e linguagem corporal apontam nos estudos de Michelotto (2017).

Além disso, foi compromisso da autoria levar em conta o período de pandemia que foram vividos durante a pesquisa. Como escreveu Hobsbawm (2013) “Nem mesmo a vida do mais singular indivíduo faz sentido fora do ambiente de sua época e de seu lugar” (pág. 200). Ou seja, trazer a questão da prática de uma atividade esportiva ao ar livre logo após a abertura de alguns espaços públicos de lazer no ano de 2020 foi/é uma oportunidade de compreensão sobre a circulação de pessoas em tempos de distanciamento social, contribuindo também com estudos de natureza qualitativa na área da cultura esportiva, em que o cotidiano de milhares de pessoas foi afetado, bem como suas opções de lazer.

Estes foram momentos em que as aulas presenciais foram suspensas, em que havia a limitação de horários para o uso dos equipamentos públicos, que máscaras foram obrigatórias pelas cidades e que as aglomerações foram sistematicamente desestimuladas. Espaços como esse foram valorizados, havendo motivação para que fossem ocupados de forma mais frequente por diversos segmentos sociais dos moradores – ou não – da cidade de Niterói, independente da faixa etária.

 

4. Circulação, manobras e quedas na pista: “FORA HAOLE” e “NO BIKE”

Toda pesquisa tem uma motivação. Em nosso caso, a necessidade de escrever sobre a pista pública de Skate se originou com a pergunta inicial de um dos filhos da autoria, que nos primeiros dias de utilização da pista perguntou o que significa os escritos em uma parte do muro da pista, onde se lia: “FORA HAOLE”. Sobretudo quando a pergunta é dirigida na frente de outros pais. Um misto de vaidade e necessidade de responder ao rebento toma conta. Assim, “FORA HAOLE”, objetivamente, significa fora estrangeiro.

Foi a partir daí que escrever sobre esse ambiente urbano de lazer passou a ganhar um significado. Compreender como se constitui a apropriação da pista, os praticantes com seus trejeitos, roupas e comportamentos, os que ganham legitimidade e direito de usar as áreas mais propícias para as manobras, os que vem apenas para conversar, ou seja, o olhar se volta para o cotidiano, socialmente aceito e, portanto, simples quando do aspecto da apropriação das práticas sociais, invisível para o frequentador assíduo.

Estudos como os de Melo e Souza (2019) e Michelotto (2017) trazem discussões sobre como as os grupos jovens interagem nos ambientes reservados para a prática do Skate, a partir das experiências urbanas, na formação de suas identidades. Noções do que é coletivo são importantes questões discutidas tendo como ponto de partida a adesão à prática do Skate. Emergem aqui discussões sobre a utilização do espaço público, com todas as suas possibilidades e limitações. As práticas sociais relacionadas ao esporte são objeto de estudo de pesquisas etnográficas e podem contribuir para estudos urbanos que discutam as políticas públicas desse setor, com vias de desenvolvimento humano e social.

Para os pesquisadores das áreas culturais do esporte, estudar as práticas de lazer de uma determinada faixa etária da população nas grandes cidades brasileiras que mantêm, por exemplo, a prática do Skate ajuda a compreender também quem somos enquanto sociedade e quais são as estratégias para melhorarmos e difundirmos uma cultura de paz entre os diferentes segmentos sociais dos nossos grandes conglomerados populacionais (MACHADO, 2012, 2014).

Sobre a questão da palavra haole, o estudo de Neto (2011) define-a no ambiente do surf, mas aqui nos apropriamos de seu conceito para melhor compreensão: “... A diferenciação básica desses grupos era nítida para a minha percepção inicial – haole era o indivíduo de fora daquela praia e local era a pessoa nascida no lugar de prática do esporte” (2011). Inferimos que a circulação de pessoas em um ambiente aberto, público e de lazer seja também caracterizada com tensões entre grupos que são mais presentes e outros nem tanto, havendo grupos que se consideram mais detentores daquele espaço do que outros. A pista é majoritariamente ocupada por skatistas, mas nela também encontramos pessoas utilizando patins, patinetes e hoverboard (espécie de Skate elétrico).

Assim, a construção da dinâmica cultural urbana que acontece nesse ambiente é fonte de reflexão para o que acontece em outros ambientes jovens onde a prática do Skate é o fator principal para circulação de jovens. Aqui o “FORA HAOLE ao lado do “NO BIKE”, serve como uma barreira invisível, simbólica e legitimada pelo poder público nas placas que explicitam as regras de funcionamento dentro e fora da pista.

Autores como Bastos (2006), Brandão (2011) e Machado (2014) se utilizam do Skate para desenvolverem em suas pesquisas etnografias da cultura jovem, suscitando com isso, debates sobre o espaço público, seus meios de circulação e a necessidade de compreensão dessa parcela de nossa população.

Os estudos de Siqueira (2016) também contribuem nesse entendimento sobre os processos de identidade socioespacial em locais como ora estamos apresentando. Ao estudar as questões da formação identitária da cidade de Florianópolis, as palavras manezinho e haules são suscitadas para elencar os conflitos entre os que são considerados de dentro e fora da cidade, entre o velho e o novo. O “fora haules” encontrado nas pichações dos muros da capital de Santa Catarina nos servem como elemento de discussão sobre a questão cultural. Nos distintos grupos de jovens, a legitimação no uso dos espaços se dá pelas habilidades, mas também pelas redes de amizade, na formação dos pequenos grupos, nas roupas e no vocabulário.

Como visto na foto a seguir, ao lado do “FORA HAOLE” se encontra a pintura “NO BIKE”, indicando que bicicletas também não são bem-vindas na pista de Skate.

 

Foto 3: “FORA HAOLE e “NO BIKE” (Fonte: acervo pessoal)

 

São essas tensões e o ambiente tácito de prática do Skate nesta pista, em particular, que emergem nosso objeto de investigação. O que se impõem através dos movimentos expressos em manobras interessam para essa pesquisa na medida que fazem refletir como um ambiente público de lazer, de prática de Skate revela um pouco de nós mesmos, um pouco dos ambientes que construímos e demarcam um período temporal, que neste caso está acrescentado pelo período de restrição social imposto pelas medidas sanitárias durante a pandemia da COVID-19.

Assim, neste período, o uso de máscaras neste ambiente é obrigatório. Mas nem tanto. Durante os 30 dias de observação foi explícito verificar que grande parte dos usuários da pista utilizava as máscaras de forma inadequada, quando usava. Como há um posto de vigilância municipal do lado de fora da pista – ou seja, guardas municipais ficam controlando o ambiente grande parte do tempo – em torno de 3, como escrevemos anteriormente –, nota-se que o uso desse objeto é mais frequente quando um dos guardas sinaliza que o usuário coloque, de forma obrigatória, a máscara.

Os horários para a utilização da pista durante o período de observação era das 8:00 ao meio-dia e das 16:00 às 20:00h. Como os pesquisadores se programavam para estarem logo no início da abertura da pista no período matinal e vespertino, não raro era possível encontrar skatistas utilizando a pista antes do horário de abertura e, também, depois do horário de fechamento, fato que levava os guardas municipais a solicitarem e apitarem para a saída dos praticantes. Isso era feito não sem a reclamação dos usuários, que comumente postergavam a saída.

Outras proteções de uso individual – não obrigatórias, mas recomendadas –, são o capacete, as cotoveleiras e as joelheiras. Há uma placa com as regras de utilização da pista, como mostramos abaixo:

 

Figura 4: normas de utilização da pista – há um erro, conforme apontamos. (Fonte: Acervo pessoal)

 

Durante o período de observação, verificamos que o uso de capacete foi utilizado, prioritariamente, pelos praticantes identificados como iniciantes. Foi difícil ver skatistas mais habilidosos e experientes utilizando capacetes ou qualquer outro tipo de proteção. Por outro lado, o uso de calças, sobretudo de tecido jeans pode ser um indício de preocupação em evitar a exposição dos membros inferiores as quedas e consequentemente, aos arranhões nos joelhos, por exemplo.

Necessário ressaltar que a foto 4 contém um erro: ao lê-la somos levados a entender que bicicletas são permitidas, mas ao ouvirmos de um guarda municipal a ordem para que um ciclista saísse da pista, ele reforçou que algum vândalo havia retirado a palavra não do segundo item das normas de utilização, quando há referência sobre a permissão do uso de bicicleta do local. Olhando mais de perto, é possível verificar que a palavra “não” foi retirada antes do verbo “é”, mas como até o momento da foto não houve o necessário o ajuste, ciclistas desavisados podem ser levados a acreditar que podem utilizar suas bicicletas na pista.

Os estudos elencados sobre Skate tratam dos usos dos equipamentos públicos como locais privilegiados para uma etnografia urbana, onde a é múltipla a forma de apreensão, circulação e ressignificação dos espaços e objetos (BASTOS, 2006; BRANDÃO, 2011; MACHADO, 2014). Na próxima seção, discutiremos sobre essas questões, onde as regras não escritas, invisíveis, como Bourdieu (2007) descreve sobre a categoria habitus. É na interação, no aprender a agir que o sujeito escreve sua trajetória pessoal, singular e própria de agir no mundo.

 

5. Habilidades motoras e legitimidade na circulação

As habilidades mais ou menos complexas realizadas em cima da prancha de Skate diferenciam os praticantes. Saber realizar uma manobra sobre o Skate fazem com que os usuários se legitimem neste ambiente, criando um grau de distinção entre eles.

Manobras nesse ambiente e seus graus de dificuldade, são importantes para separar os iguais, contendo, afastando ou expandindo o uso daquele espaço. Um skatista mais experiente e que sabe realizar manobras, por exemplo, acaba por circular mais vezes e mais rápido por esse ambiente. Assim, os que são capazes de realizar movimentos mais complexos vão, aos poucos, ocupando os espaços da pista. Como observado, determinados skatistas fazem fila de espera em uma curva ou rampa mais propícia para uma manobra, por exemplo. Essa fila era completamente desrespeitada pelos skatistas mais rápidos, que vão ocupando esses espaços enquanto os demais – que normalmente estão aprendendo – observam.

A questão dos acidentes é, portanto, algo que preocupa os que por ali frequentam, sobretudo como observamos nos movimentos e olhares dos pais e responsáveis que levam seus filhos à pista.

É comum ouvirmos gritos e falas em tom de voz mais elevada quando skatistas mais velozes quer chamar à atenção de alguém cruzando o seu caminho. Assim ouvimos: “Ô, ô, ô...” ou “Olha, olha!” Em uma pista que por vezes chega a contar com cerca de 70 praticantes em um único momento, como observamos no feriado nacional do dia 12 de outubro não surpreende que os diferentes níveis de habilidade sob o Skate também tragam responsabilidade, tal como no trânsito. Aliás, em um dia específico ouvimos de um responsável ao seu rebento: “toma cuidado para não ser atropelado aí...”. Ou seja, a metáfora do tráfico de veículos parece se encaixar nesse ambiente. Mas diferente do código nacional de trânsito, não há um código para skatistas. Há normas de utilização, e aqueles que adentram no ambiente precisam saber conduzir seus equipamentos da melhor forma entre fazer manobras, imprimir velocidade e não causar acidentes. Essa cordialidade no espaço público – ou a falta dela – já foi discutida por Da Matta (2010) em relação ao trânsito, e acreditamos que cabe aqui um paralelo dessas duas situações. No trânsito, os motoristas podem exercer sua má-educação e continuarem no trajeto para seus destinos. Na pista de Skate, os usuários estão circulando, motivados para continuarem realizando suas manobras, o que os leva a serem mais contidos em situações de conflito, na medida em que todos dividem o mesmo espaço durante esse tempo.

As normas sociais são internalizadas na medida que os praticantes começam a ocupar seus lugares, suas curvas e seus trajetos, e isso também do quantitativo de pessoas circulando na pista. Somado a isso, se há algo democrático na pista de Skate que observamos frequentemente foi a questão das quedas. Muitas. Para todas as idades e habilidades. Assim, o que nos parece diferenciar skatistas mais experientes de iniciantes é o quanto a queda é percebida como algo trivial, que sem trazer muitas consequências no corpo faz o skatista se levantar prontamente e começar a usar o seu Skate novamente. Skatistas mais maduros com seus equipamentos caem para frente, rolando mesmo, quase como o rolamento de judô conhecido como zempôkaitenukemi. Saber cair e logo após se levantar, mesmo com sinais nítidos de dor, e continuar rodando de Skate é algo que identificamos como algo que os mais acostumados com a pista fazem com frequência.

Para os que estão menos acostumados, as quedas, normalmente para trás, em que as nádegas e cotovelos são as primeiras partes do corpo a tocarem o solo, são acompanhadas de dor e vergonha. Assim, esses ficam mais tempo se recompondo, observando as partes do corpo atingidas pela queda. Não raro esses estão acompanhados de seus pais e recebem a pronta ajuda, o que por vezes atais o olhar dos que ali estão sentados assistindo os skatistas circularem pela pista. Não que as quedas dos mais experientes sejam menos graves ou doloridas, mas o tempo de assimilação dessa queda parece mais longo para os menos acostumados com o Skate.

A situação que parece acontecer na pista de Skate é de quem está aprendendo a andar de Skate fica nos cantos, nas curvas menos acentuadas, e, ainda, precisa estar atento às movimentações ao redor, sobretudo dos que querem – e vão- ocupar os espaços mais cobiçados. Escrevemos que a velocidade empregada pelos praticantes é fator preponderante, porque skatistas podem imprimir velocidade diferente de praticantes de patinete ou patins, alcançando antes uma curva, evitando quedas ou acidentes. A leitura do espaço se faz no cotidiano de utilização, na apropriação desse ambiente e com a realização de manobras, legitimamente valorizadas por outros skatistas.

Não há próximo da pista de Skate locais para compra de comida e bebida. Assim, é comum vermos skatistas trazendo garrafas de dois litros de refrigerante tipo pet – com o que parece água em seu conteúdo. A pista também não tem bebedouro público, o que reforça a necessidade de trazer sua própria água, sobretudo nos dias de mais calor ou quando o skatista pensa em ficar muitas horas circulando na pista.

 

6. Habilidades à prova: filmagem e redes sociais

Durante o tempo em que estivemos visitando a pista foi comum vermos a filmagem – através dos aparelhos celulares – de manobras. Como observamos diversas vezes, skatistas solicitam para outros que filmem determinados momentos de suas ações. Nos parece que quando um skatista tenta uma manobra mais difícil, do ponto de vista de seu nível técnico, ele solicita que essa manobra seja registrada por um colega. O skatista que filma deixa de realizar suas próprias manobras e passa a registrar, repetidamente, as tentativas do seu colega que intenta realizar a manobra esteticamente mais bela, com a técnica sem queda, com o perfeito domínio sobre o Skate. Assim, não é incomum que um skatista tente inúmeras vezes a mesma manobra, no mesmo local, com apoio de filmagem. Há casos em que tivemos a oportunidade de contar mais de trinta vezes a repetição de uma manobra, até que o skatista conseguisse realizá-la. Quando conseguida, o resultado é comemorado com gritos, alegria compartilhada. Além é claro, a checagem de como essa manobra ficou registrada na câmera do celular.

Em sua pesquisa etnográfica sobre o Skate Michelotto (2017) também observa o hábito dos praticantes em registar suas manobras e posterior inclusão dessas nas redes sociais. Esse fato inclusive foi um dos primeiros passos em que o autor se valeu para estabelecer vínculos que pudessem compreender mais os grupos que escolheu como objeto de estudo.

Na intenção de conquistar seguidores, conseguir likes e alcançar maior número de visualizações, as filmagens fazem parte do cotidiano da pista e há sempre um skatista disposto a ajudar outro no registro sobre a realização da manobra desejada, mesmo que isso leve a exaustivas repetições. Levar o mundo real para o mundo virtual é mais uma estratégia de se expor, mostrando seus estilos de vida, gostos e cotidianos.

Durante a pesquisa, observamos que alguns skatistas ao tentarem aprimorar seus movimentos se utilizam por exemplo de cones como referência para a altura de seus saltos. Assim, ao tentar saltá-lo, um skatista precisa imprimir velocidade, mas para isso, precisa também que uma parte da pista esteja livre para ele conseguir realizar esse objetivo. Mas o que nos chamou atenção foi o fato de que as tentativas de saltos maiores e com o giro do Skate (flip e heelflip), são realizados em um ambiente com diversas pessoas circulando ao mesmo tempo e com diferentes níveis de adaptação não somente no Skate, mas também no patinete, patins e hoverboard. Somando a isso o fato de quem os conduz são crianças, adolescentes, jovens e homens e mulheres maduros com diferentes níveis de habilidade sobre esses equipamentos.

O ato de varrer o ambiente por onde o skatista quer realizar suas manobras foi verificado. Como visto na foto da pista, há algumas árvores que possibilitam um abrigo para os dias mais calorentos. Mas uma das árvores que faz parte dessa pista, a figueira, solta sementes que ficam se espalham pelo chão. Essas sementes são perigosas para quem quer imprimir mais velocidade, pois estas grudam nas rodas do Skate, e consequentemente, podem levar a queda dos praticantes, sobretudo em dias em que a pista se encontra molhada. Ainda, quando visitamos a pista em dias de chuva, apesar de aberta, não verificamos a presença de skatistas no local. Tal fato infere que pista molhada e skatistas não combinam, e ao contrário do que se pode imaginar, nem sempre os praticantes estão dispostos a se expor aos perigos de queda, ainda mais quando não podem executar suas manobras de forma adequada.

 

Considerações finais

O ano de 2020 foi marcado como aquele em que enfrentamos o distanciamento social e que todos, de alguma maneira, fomos impactados pelo COVID-19. Áreas para a prática de atividade física ao ar livre foram recomendadas como ambientes mais propícios durante esse período. Pistas de Skate como a do Skatepark de São Francisco são exemplos disso.

Estudar a prática de um esporte como o Skate nesse período é uma boa oportunidade de verificar como crianças, adolescentes e jovens se apropriaram dos espaços públicos, tendo que manter o distanciamento social e onde não havia muito para onde ir ou visitar. Assim, nossa pesquisa se aproxima dos estudos que elencamos aqui, sobretudo às que estão inseridas nas políticas públicas e os estudos urbanos voltados par os jovens.

Ao trazermos essa pista como objeto de estudo queremos contribuir também com a compreensão sobre quais estratégias podem ser implementadas pelo Estado para aprimorar o ambiente de (con)vivência para distintos grupos etários com seus níveis de habilidades e expectativas sobre o uso e apropriação desse espaço que é de todos e foi construído e é mantido com verba pública.

Avançar na simples repressão das atitudes inconvenientes são em um primeiro momento, a resposta mais simples. Incentivar uma cultura de paz, de respeito e incentivo à prática esportiva de lazer é algo de longo prazo e precisa da atenção dos que detém a capacidade de incentivar essas ações através das políticas públicas do esporte em nossa sociedade.

Compreender a cultura dos praticantes de Skate é uma forma de criar condições para que esse ambiente construído pelo poder público e deixado para os usuários se torne um espaço positivo, em que crianças, adolescentes, jovens e demais adultos de distintas faixar etárias possam frequentá-lo, explorando-o de inúmeras formas, porque ao fundo, esse foi um investimento em que toda a sociedade realizou. Precisa ser visto como um ambiente de educação, esporte e lazer, mas isso não se faz sozinho.

 

Referências

BITENCOURT, V.; AMORIM, S. Atlas do esporte no Brasil. Atlas do Esporte, Educação física e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil. Organização de Lamartine Dacosta. Rio de Janeiro: Shape, 2005.

BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.

BRANDÃO, Leonardo. Corpos deslizantes, corpos desviantes: a prática do Skate e suas representações no espaço urbano (1972-1989). 2007. 139 f. Dissertação (Mestrado) –Faculdade de Ciências Humanas, Universidade da Grande Dourados, Dourados, 2007.

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Data de Recebimento: 15/11/2020
Data de Aprovação: 10/06/2021


1  Cf. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/niteroi/pesquisa/10058/60027. Acesso em: 04 nov 2020.

2  Cf.https://iicrio.esteri.it/iic_riodejaneiro/it/gli_eventi/calendario/2019/10/jornada-do-contemporaneo-instalacao.html. Acesso em: 16 out. 20.