Para Dantas (2009):
(...) discutir a noção de medicalização da existência cotidiana como um discurso de "tecnificação da vida" nos possibilita problematizar o nosso olhar sobre o tema e, sobretudo, uma época em que o indivíduo encontra-se dominado pelo instrumental e pelo funcional. Mergulhado numa visão racional e objetivista, torna-se fácil creditar a solução de nossas inquietações existenciais às promessas do aparato tecnológico. A contemporaneidade, aderida a uma crença quase absoluta no discurso técnico, parece anestesiar-se com as descobertas, cada vez mais recentes, de substâncias que prometem desde a perda de peso até a felicidade. (2009 p.565).
O termo medicalização está relacionado a processos que não são ligados diretamente a questões educacionais, mas que sofrem implicações médicas e terapêuticas objetivando a constatação de alterações anátomo-biológicas e fisiológicas às dificuldades de aprendizagem apresentadas no processo de ensinagem e de aprendizagem.
É este um processo reducionista e biologizante de questões sociais e de linguagem que culpabilizam individualmente os sujeitos (COLLARES e MOYSÉS, 1994), minimizando os efeitos de uma política nefária que imputa condições fragmentárias aos sujeitos, inviabilizando o curso adequado dos processos de aprendizagem calcados na construção da sua subjetividade.
Escrita, condição de produção e objetivos escolares: palavras finais
É a Antropologia a responsável pelo estudo da concepção de ser humano. A ideia de antropologia é apresentada como um conjunto de estudos sobre o homem no âmbito cultural, etnológico, folclorístico, filosóficos, entre outros tantos espaços desta área de conhecimento. Os estudos da antropologia filosófica auxiliam-nos na compreensão da importância de saber como uma determinada “imagem de ser humano” mobiliza as teorias e as práticas pedagógicas.
À Antropologia filosófica cabe perguntar sobre qual ser humano a Pedagogia pretende educar? Se para nós a pessoa é um ser em constante transformação, como a Pedagogia pretende se fundamentar e atuar para que essa pessoa se transforme num sujeito individuado, cônscio da sua posição-sujeito? Como a Pedagogia e com quais instrumentos ela cogita uma reação aos processos de medicalização da infância e da educação?