Alguns anos separam os discursos dos diretores da Escola Normal (futura Escola “Caetano de Campos”), entretanto há grandes diferenças. A educação preconizada por Caetano de Campos, como vimos, visava corrigir o que era dado, isto é, tentava simplesmente trabalhar com o que estava pronto: as propensões e atavismos, dependendo da educação uma melhoria racial. Já para o diretor Oscar Thompson, tratava-se de instilar hábitos, criar indivíduos aptos e prontos para enfrentar a concorrência entre as nações. Já não era preciso o imigrante branco europeu para que a raça melhorasse, era necessário produzir os indivíduos necessários à nação. Se o branqueamento representava a possibilidade de sair do atraso, agora o indivíduo poder ser produzido nos bancos escolares, nos quartéis, nas fábricas, ou seja, onde se pudesse instilar hábitos, comportamentos. Já não se tratava de corrigir o que era dado, a formação racial do brasileiro, e sim, construir uma nova ordem, formar os indivíduos. Desta forma, ao exortar os novos médicos, como orador oficial da formatura da 1ª turma da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, o Dr. Bernardo de Magalhães lembra a todos para que sejam:
eugenistas convencidos e praticantes; a nossa raça sem educação de qualquer especie,enfraquecida pelo clima e pelo indifferentismo, necessita do amparo dos competentes, dos ensinamentos dos sabedores, para a sua remodelação, para o revigoramento dos seus musculos e dos seu caracter [...] A cultura physica com o ensino primário obrigatorio serão os dois grandes e indispensaveis elementos para o desenvolvimento da disciplina moral e intellectual... (O ESTADO DE SÃO PAULO, 04/04/1919).
As assertivas do médico contrapõem-se às do colega do fim do século XIX. A atuação sobre o meio cede lugar à ação sobre o indivíduo, é claro que o meio é importante, mas não é ele que determina, mas será determinado pelo homem, este sim, forjado pelas ações exteriores, já que não porta mais as suas próprias marcas:
Ha que melhorar a saude do povo pelo saneamento rural e urbano; ha que por em pratica o ensino obrigatorio para forçar as massas a ler e a escrever; ha que trabalhar pela vaccina obrigatoria para acabar com essa mancha que nos deprime [...]; ha que propagar como homem e como medico os principios eugenicos que robustecendo os fracos que são quasi todos, darão ao nosso povo uma melhor idéa de si mesmo, levantarão o seu nivel moral, estimulando a iniciativa propria tornando-o mais independente, mais senhor de sua vontade, diminuindo a empregomania e por consequencia o voto incondicional e augmentanrão a riqueza publica (O Estado de São Paulo, 04/04/1919).